O estado do Rio vai criar espaços dedicados a rituais de religiões afrodescendentes. A iniciativa, da Secretaria de Estado do Ambiente, pretende viabilizar a prática dos rituais, sem degradar a flora. O projeto arquitetônico dos Espaços Sagrados está sendo feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem previsão de estar pronto até o fim deste mês. Em seguida, será elaborado o projeto executivo para, então, ser definido o orçamento para as obras. O anúncio foi feito pelo secretário da pasta, Carlos Portinho, durante audiência da Comissão de Combate às Discriminações da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), nesta quinta-feira (10/04).
Segundo Portinho, o orçamento previsto para a construção de um dos espaços, na curva do S, na Floresta da Tijuca fica entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões, mas este preço precisa diminuir. “O terreno da curva do S, onde será construído um dos Espaços Sagrados, é muito acidentado, o que pode justificar o orçamento. Devemos adequar o preço para que não pareça uma política pontual, porque se isso é uma preocupação do estado, pelo seu viés ambiental, deve ocorrer no Rio inteiro. Um orçamento alto pode prejudicar o direcionamento do projeto para outros municípios do estado”, explicou.
Presidente da comissão, o deputado Carlos Minc (PT) disse que lançou o projeto quando ainda era secretário da área. Para ele, é uma questão de responsabilidade ambiental e de respeito às diversidades. “O objetivo é ter liberdade de culto com preservação de ecossistemas. Os espaços sagrados são pequenas áreas onde as oferendas possam ser feitas com segurança, sem agredir o meio ambiente”, disse.
O coordenador da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos, disse que o respeito à diversidade religiosa proposto pela iniciativa vai ser um exemplo importante para o Brasil. “É importante para o país, na medida em que você tem várias religiões que têm uma relação sagrada com a natureza. Fica estabelecido um espaço, com regras claras para a sua utilização; com isso acaba sendo criado um respeito à diversidade religiosa”, opinou.
Ex-superintendente de Educação Ambiental da Secretaria de estado do Ambiente e atual presidente da Associação Ambientalista Defensores da Terra, Lara Moutinho idealizou todo o projeto dos Espaços Sagrados. Ela atentou para a necessidade de haver conscientização dos praticantes dessas religiões para não poluírem o verde. “Falta reeducação ambiental na população. Alguns dos religiosos que precisam ter acesso à natureza não têm relação de sagrado construído com o ambiente. As oferendas devem ser recolhidas após um tempo, e eu já vi muita mãe de santo levando vassoura para os cultos porque os locais ficam muito sujos. As oferendas devem ser feitas em folhas, descartando o uso de materiais que não são biodegradáveis e que podem contaminar a fauna”, explicou a bióloga.
Texto de Bárbara Figueiredo
Nenhum comentário:
Postar um comentário