21 abril 2022

Encruzilhada ou Encruza (o cruzamento de ruas de uma cidade) é um lugar onde são feitas Oferendas a Exú Pomba Gira.

 

A Encruzilhada pode ser feita em formato de X ou +, a depender do tipo de Despacho a ser feito. Também tem a Encruzilhada em T onde são feitas as Entregas para Pomba Gira.
As Encruzilhadas também são chamadas de fêmea, em formato de T para Pomba Giras, macho, em formato de + para Exús e Exús Mirins e mista, quando pode se oferecer tanto a Exú como a Pomba Gira.
Encruzilhada possuí "força" para abrir e fechar caminhos,onde as oferendas são entregues para Exú Orixá , Exú Guardião e Pombas Giras.
Encruzilhada é o encontro de 2 realidades
Vejamos:
-Encruzilhada aberta:
Abrir os todos os caminhos (entrega-se em um dos cantos, após saldar Ogum e o Guardião do local) basicamente.
-Encruzilhada fechada :
Fechar os caminhos (são aquelas em que a rua é dividida por alguma calçada e depois continua)
-Encruzilhada em Y:
Fechar algo específico e abrir outro. Tipo tirar algo de sua vida para a chegada de algo novo.
-Encruzilhada em T:
Para os pedidos de amor às Pombas Giras. (são aquelas em que a rua termina numa rua transversal e não tem continuidade, simplesmente acaba).
Tradicionalmente as Encruzilhadas afastadas e de chão de Terra são as mais indicadas.
Faça sua Entrega antes da meia noite.
Os preparos e cuidados específicos como Preceitos, Banhos ou velas para seus Orixás antes de ser feito, durante e após a Entrega.
Encruzilhada é o encontro de duas realidades; Espíritual e Material.

Não faça nada Sozinho!
Converse com seu Pai ou Mãe de Santo, siga orientação deles e a Doutrina da sua Casa!

A FORÇA DA ENCANTARIA MARANHENSE E SUA HISTÓRIA CULTURAL NO RN



Fonte: Canal Mariano de Xangó

 

LENDA DE OXUM E XANGÔ

 


Oxum era a filha preferida de Orumilá. A menina dos olhos de seu pai. Quando a menina nasce , seu pai lhe deu as águas doces e cachoeiras para governar. Lhe deu a benção sobre as mulheres, a fertilidade, o cuidado sobre o feto.
Oxum cresceu bela, meiga e mimada. Tinha o coração doce, mas cheia de vontades.
Quando estava na idade de se casar, os pretendentes logo apareceram às portas de Orumilá.
O primeiro foi Oxossi, o caçador. Ele trouxe lindas peles, animais e abundância.
Orumilá achou que a filha seria feliz com um homem que proveria a mesa e era um grande caçador.
E Oxum foi entregue a Oxossi, indo com o noivo para a sua floresta.
Em pouco tempo Oxum estava triste e deprimida.
Oxossi era forte, belo, vigoroso. Mas vivia pelas matas, buscando mais e mais troféus para os seu salão de caça. Além disso, Oxossi era de modos rudes e não oferecera sequer um pente e um espelho à noiva.
Chorando, Oxum mandou recado ao pai que encerrou o noivado.
O segundo pretendente foi Ogum. O grande general, o senhor dos exércitos de Oxalá. Era também um grande ferreiro.
Oromilá pensou que com melhor guerreiro, Oxum estaria sempre protegida. Assim, mandou a filha ir passar um tempo com o noivo.
Ogum também era forte, jovem, belo. Mas só pensava em guerra, estratégias, seus exércitos e suas espadas; era grosseiro e ríspido com Oxum e reclamava de sua vaidade que considerava um desperdício de tempo.
Oxum chorou mais uma vez e o pai a trouxe de volta.
Os pretendentes continuavam a chegar, mas Oxum recusava todos com medo de sofrer novamente.
Um dia um homem pediu abrigo às portas de Orumilá - era pobre, um andarilho. Orumilá iria dispensá-lo, porém Oxum compadeceu-se do peregrino e pediu ao pai que o recebesse.
O homem banhou-se e ganhou roupas limpas, comeu, bebeu, descansou.
Em agradecimento, fez uma trova que dedicou a Oxum.
Quando a princesa ouviu, ficou encantada e mandou chamar o andarilho.
O homem lhe recitou mais versos, contou-he histórias, até penteava os cabelos de Oxum, enquanto lhe cantava trovas.
Um dia, o peregrino precisou ir embora.
Oxum chorou, implorou ao pai que impedisse a partida do homem, contudo Orumilá não podia prendê-lo, sendo que nada de mal fizera.
Oxum chorou muitas noites, olhando a lua, sentindo falta do humilde trovador.
Orumilá, querendo ver a filha esposada, cansou-se do choro de
Oxum e mandou reunir os melhores partidos para que a filha escolhesse um marido.
Orumilá deu uma grande festa, mas Oxum, amuada em seu canto, não comia nem sorria, não queria saber de ninguém.
Então, Orumilá exigiu que a filha escolhesse seu marido logo, ou então, ele, seu pai, o faria.
Oxum, tremendo, olhava por entre os homens e nenhum deles a agradava. Eram ricos, poderosos, alguns até belos e fortes, mas nenhum lhe falara ao seu coração.
Então ela viu, entre os convivas o andarilho trovador. Oxum correu até o homem, levou-o até ao pé do trono de Orumilá e pediu que cantasse.
O andarilho cantou, declamou lindos poemas, todas para Oxum.
A princesa, em lágrimas, disse ao pai que ele era o marido que ela desejava.
Orumilá, os convidados e toda a corte riram, onde já se vira, a filha do rei casar com um mendigo!
Oxum insistia, defendendo o peregrino contra o desdém dos demais.
Então um grande trovão soou e o peregrino foi atingido por um raio.
Para grande surpresa e espanto de todos, o mendigo transformou-se em Xangô, o senhor da Justiça, o maior juiz de Iurubá.
Orumilá perguntou-lhe por que ele não se apresentara como realmente era, desde o início.
Xangô explicou que não queria apenas o corpo, nem o dote de Oxum, queria uma mulher que fosse justa como ele, por isso, disfarçou-se de andarilho, preferindo conquistar o coração da mulher pela arte e sensibilidade. Ele agora tinha certeza de que Oxum era a sua rainha verdadeira, pois ela o amava por suas qualidades e não por sua realeza ou dotes físicos.
Orumilá abatido pela sabedoria de Xangô, deu-lhe a mão de sua filha.
Xangô levou Oxum para o seu reino, em Oyó, onde ela foi coberta de carinhos dengos, sedas, doces e brinquedos. Xangô cumulou-a de bondade, amor e mimos e tornou-a também a rainha do ouro, da prosperidade.
Oxun nunca mais chorou de tristeza, só de emoção, e aprendeu a cantar todas as trovas de Xangô, a quem jamais deixou.


fonte:

Tupã Óca do Caboclo 7 Pedreiras

A Prefeitura do Natal, através da Secretaria de Cultura (Secult-Funcarte), concluiu nesta quinta-feira (14) o processo de restauração da estátua de Iemanjá.

 



A Prefeitura do Natal, através da Secretaria de Cultura (Secult-Funcarte), concluiu nesta quinta-feira (14) o processo de restauração da estátua de Iemanjá. Todo o reparo foi efetuado pelo escultor Emanuel Câmara, que também é o autor da escultura localizada na Praia do Meio, Zona Leste de Natal.

A estátua amanheceu pintada na cor preta no dia 28 de fevereiro. Emanuel Câmara iniciou o processo de remoção da pintura, recuperação das linhas originais para depois pintar novamente e finalizar o serviço, que foi concluído antes do tempo previsto.

A nova estátua de Iemanjá foi entregue no dia 2 de fevereiro de 2020. Ela substituiu outra mais antiga, que foi alvo de ações de vandalismo e intolerância religiosa. Considerada a rainha dos mares e dos oceanos, Iemanjá é uma divindade das religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, mas pessoas de diferentes crenças a cultuam.

A estátua tem três metros e meio de altura e pesa 4 toneladas, sendo a maior imagem de Iemanjá confeccionada no Rio Grande do Norte.






A história de Pai Ambrósio - encontros ecuménicos no além.

 


“Eu me chamo Pai Ambrósio.
Sou no Astral um Preto Velho, por simpatia a esta Forma Espiritual, e obreiro socorrista desencarnado da igreja A...
Também faço parte do Grupo de Umbanda Triângulo da Fraternidade, no qual o amigo Ramatís nos autoriza a trabalhar e dele é o Tutor Espiritual.
O Médium que escreve meus pensamentos é um dos componentes da corrente.
Hoje estou acompanhando um grupo de outros obreiros evangélicos que estarão visitando este Centro de Umbanda pela primeira vez.
Este intercâmbio ecumênico é comum do lado de cá, infelizmente ao contrário daí.
Vou contar um pouco da minha última vida na carne para que os leitores possam compreender como cheguei aqui e como Deus é bom.
Durante décadas freqüentei um mesmo centro espírita na crosta, localizado na região central de uma grande capital brasileira. Todos os dias em que ia para o labor espiritista, deixava meu carro numa garagem próxima e andava algumas quadras até a sede do centro, passando por uma vistosa praça. Sempre que atravessava por entre os bancos da praça, com seu lindo chafariz central, lá estava um pastor evangélico aos berros citando o Velho Testamento, doutrinando os “ventos”, pois geralmente estava só; vez que outra um ou outro mendigo o escutava. Toda semana, infalivelmente, fazendo chuva ou Sol, lá estava o pastor lendo a Bíblia e fazendo sua preleção, o que para a minha racionalidade espírita era pura fascinação.
Passaram-se os anos, eu me tornei dirigente de grupo, palestrante, eminente orador, coordenador da escola de médiuns, diretor espiritual e finalmente presidente e membro de federação. Assim como galguei degraus na hierarquia do centro, minha atividade profissional como juiz federal também deslanchou e cheguei ao máximo da carreira.
E lá estava ele, firme como uma rocha intocável, o velho conhecido pastor evangélico, raramente com um terno diferente. A sua Bíblia já gasta e amarelada, ele estático naquela atividade e eu bem sucedido profissionalmente e no topo de uma tarefa espiritual. Olhava-o e tinha pena da criatura, ensimesmada nas leis mosaicas e impenetrável às luzes libertadoras de Jesus reforçadas com a Boa Nova do espiritismo. Por vezes cheguei a abordá-lo, dizer da sua perda de tempo, recomendando a ele comparecer ao centro que eu dirigia, mas ele sempre me olhava com olhos de quem via algo que eu não via; dizia que me perdoava pelo erro de julgamento e continuava as suas preleções aos poucos transeuntes que paravam para escutá-lo. Envelhecemos juntos, literalmente lado a lado, nos encontrando toda semana.
Chamava-me a atenção a sua pontualidade e férrea regularidade no comparecimento à praça. Muitas vezes citei-o como exemplo de persistência em nossas reuniões de conselho na federação, brincando com os outros dirigentes, pois se até um pastor evangélico conseguia ser assíduo no seu templo-praça, sofrendo as intempéries climáticas forçosamente na cabeça, com certeza eles conseguiriam regularidade nos centros que dirigiam, ou não éramos espíritas de verdade.
Enfim, minha derradeira hora chegou e desencarnei como presidente de centro renomado, eminente espírita e desembargador aposentado. Qual não foi a minha surpresa ao constatar que não fui para nenhuma colônia e muito menos visualizei qualquer mentor espiritual! Não tendo ocupação no além-túmulo, fiquei perambulando no centro espírita, continuando a mandar nos médiuns que, pasmem, obedeciam às minhas ordens mentais. Não sei quanto tempo se passou, mas era como se eu ainda estivesse vivo e trabalhando no centro ao qual tinha me dedicado por tanto anos.
Certa noite, quando menos esperava, fui atraído por uma força centrípeta incontrolável e me vi fixado no corpo de um médium, como se estivesse dentro dele, e pude falar normalmente com os vivos da mesa como se fosse dono da cognição e psicomotricidade daquele amontoado de carne quente que me acolhia. Senti um bem-estar que há muito já havia esquecido que existia. Disse-lhes que eu continuava o presidente, que não os abandonara e tinha algumas orientações a dar, pois estava contrariado com as recentes mudanças, que as coisas tinham que voltar a ser como eram. Pasmado, escutei o doutrinador me esclarecer que já tinham se passado dez anos do meu desencarne, que estava na hora da minha libertação da Terra, que eu não poderia mais ficar ali junto com os médiuns. Agradeci e disse que estava à disposição para ir para uma colônia espiritual no Astral Superior, que deveria ser o meu lugar, por inquestionável direito conquistado e reconhecida obra realizada. Ao terminar de falar, senti uma sonolência gostosa, um leve torpor acompanhado de uma força de sucção centrífuga, puxando-me para trás pela nuca, e senti um calafrio ao desacoplar-me do médium.
Suave e repentinamente desvaneceram-se todas as formas da construção em que eu estava e vi-me numa estrada escura e completamente solitário. Andei, andei e andei e nunca encontrava ninguém. Tanto caminhei que as solas do meu sapato ficaram gastas e comecei a andar descalço, sentindo muita fome, sede e cansaço. Um dia, com feridas sob as solas dos pés e pústulas fétidas nas canelas que tinham se formado pelos constantes arranhões de galhos secos que encontrava em meu caminho, sento no chão e começo a orar ao Alto:
- Pai Santíssimo, porque me abandonaste? Eu que sempre me dediquei ao centro, ampliei-o, expandi os trabalhos, aumentei o número de freqüentadores, sistematizei a escola de médiuns, estruturei o departamento social, aumentei o quadro de associados, ampliei a livraria e a arrecadação... por que, meu Pai, por quê???
Sentado, batia com as mãos no chão num choro de raiva e autocomiseração, sentindo pena de mim mesmo.
Aos poucos, foi surgindo uma luzinha ao longe: parecia um vagalume se aproximando. A luz paulatinamente foi crescendo e pude ver um homem com uma vela num castiçal e uma Bíblia embaixo do braço se aproximando, cada vez mais perto, mais perto:
- O quê!? Não acredito! Você, o pastor evangélico! O que faz aqui? Cadê os socorristas do centro? Os caravaneiros de Maria de Nazaré? Os confrades amigos?
- Meu querido irmão, Jesus a todos nos conforta e de ninguém se faz ausente. Posso ajudá-lo? Venha comigo!
- Nunca. Você é um inepto sem estudo e formação teológica, que nada realizou em toda uma encarnação. Como pode agora querer me socorrer, eu, um jurista irrefutável, elevado tribuno e renomado presidente de centro espírita?
- Meu caro, olhe a sua situação: você nem consegue ficar em pé, seus cabelos estão longos e desgrenhados, suas unhas enormes, suas roupas em farrapos, suas pernas purulentas e o seu semblante chupado qual cadáver andando na noite. Está fraco, com fome e sede, mas não verga seu orgulho insano. Precisa de ajuda e cá estou ao seu lado, o primeiro desencarnado que comparece em seu auxílio. Ou já viu algum outro?
- É verdade, tenho que admitir que nunca enxerguei nenhum, você é o primeiro, para a minha decepção. O que houve? Por que o meu abandono? O que eu fiz de errado? Onde está o amor fraternal e consolador tão apregoado nas hostes espiritistas?
- Querido irmão, o amor de Jesus está aqui e igualmente em todos os lugares a que vamos, sempre ficando com cada um de nós. Você não o sente pois desgarrou-se do Seu rebanho. Mas tranqüilize-se, eis que nunca esteve perdido.
- Mas o que houve? Ao menos você, mesmo nada tendo realizado, me diga!
- Amado irmão, temos que reconhecer que fez consideravelmente em favor da doutrina e da causa que abraçou. Todavia, se muito fez, muito mais recebeu em vida. Deixou-se contaminar-se pelo vício do reconhecimento e com o “sucesso” e brilho intelectual de renomado dirigente espírita.
- Mas tudo o que fiz de nada valeu?
- Claro que foram de grande valia para a coletividade, mas de muito maior valia foram para o gozo do seu ego. Recebeu na carne todos os bônus pelo seu trabalho e voltou para cá devedor, pois por muitas vezes não fez por altruísmo ou caridade, mas unicamente pelo anseio dos elogios e consagração do seu sacerdócio frente aos seus pares.
- Quem é você para me julgar, um inepto que nada fez?
- Meu caro, se o julgo, é para que desperte da chama da vaidade. Com a mesma medida com que medimos somos medidos. Meço-o para socorrê-lo. E você, que por anos e anos a fio me julgou, por simples escárnio e senso de superioridade? Quantas vezes fui motivo de piada sua entre seus pares, nos corredores do centro? Na verdade está em débito com a Lei Divina. Seja humilde e deixe-me interceder em seu favor, levando-o daqui para um lugar melhor.
Neste momento, a Bíblia do pastor ficou luminosa como se fosse ouro fosforescente e vi-o pregando em praça pública com centenas de espíritos desencarnados em volta, escutando-o. Ao mesmo tempo, falanges de socorristas dos centros espíritas e de umbanda próximos atendiam-nos; padres, enfermeiros, caboclos e pretos velhos unidos auxiliando os sofredores perdidos – colocavam-nos em macas e os levavam para os diversos hospitais do Astral. Enfim, compreendi tudo. Oh Deus, como estive errado em toda uma existência!!!
- Sim, é verdade. Diante do que você fez, no silêncio de uma vida, eu nada realizei, quando me comparo. Você que foi alvo do meu barulhento escárnio, trabalhou em silêncio com afinco e humildade. Eu sempre usei minha intelecção para as glórias efêmeras do reconhecimento de meus confrades. Recebi em vida e devo ainda muito. Você nada recebeu na Terra, acumulando para quando voltasse para a vida real do espírito. Pode me emprestar alguns vinténs no livro da contabilidade sideral? Aceito a sua ajuda e peço o seu perdão.
- Nada tenho a perdoar, querido irmão, pois em nada me ofendeu. Aquele que não se ofende não tem o que perdoar. Vamos, dê-me as mãos e partamos logo daqui.
Com choro sincero, não só estendi a mão como abracei ardentemente aquele pastor evangélico como nunca me lembro de ter abraçado alguém.Adormeci como uma criança que é levada para a cama por um vovô protetor e bondoso.
Acordei numa espécie de internato evangelista no astral, alimentado, vestido, limpo e num quarto com linda vista para um jardim florido em dia ensolarado. Suave cheiro de jasmim impregnava o ambiente e um lindo canário amarelo chilreava na janela. Um educado monsenhor entra e diz-me que tinha desencarnado fazia 20 anos. Passara dez anos no centro espírita, no meio dos encarnados, até que fui “removido” numa sessão de desobsessão. Ocorre que eu, não tendo merecimento para ser socorrido, tive que ficar mais dez anos andando a sós numa estrada escura, que em verdade era uma concha astral refletindo meu estado egoísta e solitário de consciência. Eu mesmo me bastei por anos e anos na Terra, sempre mandando nos outros, e tive que ficar sozinho uma década para vencer o meu orgulho de Hércules e permitir-me ser ajudado.
Enfim, para a minha história não se alongar demais, hoje sou um obreiro socorrista num igreja evangélica e conduzo para a umbanda os espíritos afins com a egrégora dos Orixás, caboclos, pretos velhos e exus. Eu ainda tenho muito que aprender a obedecer e a colocar a “mão na massa”. Vou também seguidamente junto com os pastores que fazem pregações nas praças e ajudo socorrendo os sofredores desencarnados que se amontoam em volta.
Hoje compareci para contar um pouco da minha história, participar de mais uma gira de Umbanda que ocorrerá daqui a pouco e contribuir com Pai Tomé e Ramatís, testemunhado a verdade do lado de cá - estamos todos unidos em nome de Jesus, num congraçamento espiritualista ecumênico, amoroso, eclético e universalista que se une na essência do amor e se desvincula das formas transitórias terrenas, sectárias e que tanto separam os homens do Cristo Interno.
Sou o Pai Ambrósio, por simpatia um Negro Véio, simples obreiro socorrista em nome de Nosso Senhor Jesus, não importa onde nem com quem.
Muito obrigado e muita paz para todos os Espiritualistas da Terra.”

Fonte: livro "Aos Pés do Preto Velho" - Editora do Conhecimento.