20 dezembro 2011

Vereador evangélico doa seu carro para construção do Museu da Umbanda


Em audiência pública realizada na noite de ontem, 09 de dezembro, na Câmara Municipal de São Gonçalo, o vereador Amarildo Aguiar (PV) doou seu carro no valor de R$ 85 mil para a construção do Museu da Umbanda. Evangélico, o parlamentar fez o anúncio em plenário lotado de fiéis da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), ansiosos pela resolução do tombamento do solo sagrado onde Zélio Fernandino de Moraes - que também foi vereador daquela Casa nos anos de 1970 - anunciou a Umbanda, em 1908. Aguiar fez o manifesto após uma série de reclamações da mesa diretora por não ser recebida pela prefeita, Aparecida Panisset, e ressaltar que a CCIR tem buscado o diálogo desde o início da derrubada do imóvel. Nenhum outro vereador compareceu ao encontro.
“Estamos aqui em nome da Comissão. Desde que toda esta história começou, buscamos o diálogo, pois não demonizamos e nem excluímos qualquer pessoa. Mas não podemos obrigar a prefeita a nos receber. Estamos nesta audiência pública porque, por algum motivo, o vereador Amarildo sentiu-se sensível à causa. Em nome da Comissão, quero, desde já, agradecer e ratificar que não haverá desistência em relação ao tombamento do lugar onde a Umbanda nasceu”, disse o interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, babalawo Ivanir dos Santos, que compôs a mesa junto ao vereador, à fundadora da CCIR, Fátima Damas, senhora Márcia D´Oxum e ao presidente da União Espiritualista de Umbanda do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Novo.
“Se a Prefeitura de São Gonçalo não resolver o problema do Museu da Umbanda, quero, diante de todos, colocar meu carro quitado no valor de R$ 85 mil para ajudar a construir o espaço, que para os brasileiros é muito importante”, declarou Amarildo, que foi aclamado.
“Proponho que se faça uma rifa a fim de mobilizar todos. É importante que se faça, também, uma comissão com pessoas responsáveis para convencer o proprietário do local a desapropriar o imóvel. O ato de doação deste carro é muito mais simbólico que material. O vereador segue a mesma religião da prefeita. No entanto, ele nos recebeu desde o início, preocupou-se com o caso e marcou esta audiência hoje. Isso mostra que quem quer faz. Por que ela não fez?”, questionou o babalawo.
Casa derrubada por interferência da Prefeitura
Em meio a tantas falas, o vice-presidente da Associação de Moradores de Neves - bairro onde localiza-se o imóvel -, Sidnei Valle declarou ter conversado sobre a importância do local com o novo dono do terreno e que o proprietário prometera pensar no que fazer para não prejudicar os religiosos. Contudo, com uma ligação de alguém da Prefeitura, resolveu derrubar. “O dono da casa disse ser kardecista e me prometeu que conversaria com a filha para tentar, pelo menos, preservar a frente da casa, já que a importância religiosa era grande. Quando vi que tinham derrubado, o questionei. Ele disse que houve interferência da Prefeitura de São Gonçalo e não quis se estender sobre o caso”.
A fundadora da CCIR e presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil (Ceub), Fátima Damas, fez um alerta aos que assistiam à sessão. “Por volta de 1930, a Umbanda era perseguida pela polícia. Hoje, somos perseguidos por neopentecostais que querem impor uma ditadura religiosa no País. Aquela casa é minha vida, minha fé. Em épocas de eleições, esses políticos invadem nossos terreiros, nossas casas de santo para pedir votos. Chegou a hora de olharmos por quem olha por nós. Não votem em pessoas que não querem saber de vocês. Peço ao senhor Amarildo que lute pela desapropriação daquele lugar”.
O interlocutor da Comissão finalizou a audiência lembrando que o encontro era para mobilizar o Legislativo e lamentou a ausência de outros vereadores. “Ninguém não ousaria não tombar uma sinagoga, templo católico ou evangélico. O que acontece em São Gonçalo é muito estranho, porque até mesmo o Miguel Moraes, que é um parlamentar engajado na questão racial e sabe que o racismo é base para esta intolerância, não está aqui. Está preocupado em ser vice na chapa. Mas conseguiremos, através do Amarildo, mostrar a força de nossa união”.
O vereador prometeu também, no encontro, criar título legislativo com o nome de Zélio de Moraes e propor Projeto de Lei para garantir a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa no município gonçalense.
Ao fim, todos cantaram uma oração a Oxalá e o Hino da Umbanda, além de um louvor cristão.
audiencia-publica-vereador-01
Em audiência pública realizada na noite de ontem, 09 de dezembro, na Câmara Municipal de São Gonçalo, o vereador Amarildo Aguiar (PV) doou seu carro no valor de R$ 85 mil para a construção do Museu da Umbanda. Evangélico, o parlamentar fez o anúncio em plenário lotado de fiéis da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), ansiosos pela resolução do tombamento do solo sagrado onde Zélio Fernandino de Moraes - que também foi vereador daquela Casa nos anos de 1970 - anunciou a Umbanda, em 1908. Aguiar fez o manifesto após uma série de reclamações da mesa diretora por não ser recebida pela prefeita, Aparecida Panisset, e ressaltar que a CCIR tem buscado o diálogo desde o início da derrubada do imóvel. Nenhum outro vereador compareceu ao encontro.
“Estamos aqui em nome da Comissão. Desde que toda esta história começou, buscamos o diálogo, pois não demonizamos e nem excluímos qualquer pessoa. Mas não podemos obrigar a prefeita a nos receber. Estamos nesta audiência pública porque, por algum motivo, o vereador Amarildo sentiu-se sensível à causa. Em nome da Comissão, quero, desde já, agradecer e ratificar que não haverá desistência em relação ao tombamento do lugar onde a Umbanda nasceu”, disse o interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, babalawo Ivanir dos Santos, que compôs a mesa junto ao vereador, à fundadora da CCIR, Fátima Damas, senhora Márcia D´Oxum e ao presidente da União Espiritualista de Umbanda do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Novo.
“Se a Prefeitura de São Gonçalo não resolver o problema do Museu da Umbanda, quero, diante de todos, colocar meu carro quitado no valor de R$ 85 mil para ajudar a construir o espaço, que para os brasileiros é muito importante”, declarou Amarildo, que foi aclamado.
“Proponho que se faça uma rifa a fim de mobilizar todos. É importante que se faça, também, uma comissão com pessoas responsáveis para convencer o proprietário do local a desapropriar o imóvel. O ato de doação deste carro é muito mais simbólico que material. O vereador segue a mesma religião da prefeita. No entanto, ele nos recebeu desde o início, preocupou-se com o caso e marcou esta audiência hoje. Isso mostra que quem quer faz. Por que ela não fez?”, questionou o babalawo.

Casa derrubada por interferência da Prefeitura

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Em meio a tantas falas, o vice-presidente da Associação de Moradores de Neves - bairro onde localiza-se o imóvel -, Sidnei Valle declarou ter conversado sobre a importância do local com o novo dono do terreno e que o proprietário prometera pensar no que fazer para não prejudicar os religiosos. Contudo, com uma ligação de alguém da Prefeitura, resolveu derrubar. “O dono da casa disse ser kardecista e me prometeu que conversaria com a filha para tentar, pelo menos, preservar a frente da casa, já que a importância religiosa era grande. Quando vi que tinham derrubado, o questionei. Ele disse que houve interferência da Prefeitura de São Gonçalo e não quis se estender sobre o caso”.
A fundadora da CCIR e presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil (Ceub), Fátima Damas, fez um alerta aos que assistiam à sessão. “Por volta de 1930, a Umbanda era perseguida pela polícia. Hoje, somos perseguidos por neopentecostais que querem impor uma ditadura religiosa no País. Aquela casa é minha vida, minha fé. Em épocas de eleições, esses políticos invadem nossos terreiros, nossas casas de santo para pedir votos. Chegou a hora de olharmos por quem olha por nós. Não votem em pessoas que não querem saber de vocês. Peço ao senhor Amarildo que lute pela desapropriação daquele lugar”.
O interlocutor da Comissão finalizou a audiência lembrando que o encontro era para mobilizar o Legislativo e lamentou a ausência de outros vereadores. “Ninguém não ousaria não tombar uma sinagoga, templo católico ou evangélico. O que acontece em São Gonçalo é muito estranho, porque até mesmo o Miguel Moraes, que é um parlamentar engajado na questão racial e sabe que o racismo é base para esta intolerância, não está aqui. Está preocupado em ser vice na chapa. Mas conseguiremos, através do Amarildo, mostrar a força de nossa união”.
O vereador prometeu também, no encontro, criar título legislativo com o nome de Zélio de Moraes e propor Projeto de Lei para garantir a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa no município gonçalense.
Ao fim, todos cantaram uma oração a Oxalá e o Hino da Umbanda, além de um louvor cristão.

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