21 março 2013

SALVE O MESTRE JOAZINHO DA GOMEIA


Hoje, 19 de março, fazem 42 anos que faleceu o fundador da raiz Gomeia, João Alves de Torres Filho (conhecido como "Joãozinho da Gomeia", cujo nome religioso era Tata Londirá). Apesar das histórias controvérsias em torno desse sacerdote, não podemos negar a importância que ele teve e ainda tem para o Candomblé. Não somos desta raiz, mas expressamos nossos sentimentos através dessa singela homenagem:

"19 de março de 1971 - O dia da semana era sexta-feira, fatídico para alguns, benéfico para outros. O local, Rua General Rondon, 360, bairro Copacabana, no município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Já passava das nove horas e o relógio em breve faria soar as dez badaladas. De repente, um silêncio se faz sentir; as poucas pessoas que ali se encontravam se entreolham assustadas. Parecem hipnotizadas, presas ao chão. Na face de cada uma, a palidez, o medo.

Tudo isso se passou na roça de Joãozinho da Gomeia. No mesmo instante, a 400 quilômetros de distância, o maior propagador dos ritos afro-brasileiros deixava o mundo dos vivos, partira para o Reino do Ser Supremo. Quando seus filhos-de-santo receberam a notícia de sua morte, o pranto e a dor tomaram conta de todos. Uma histeria coletiva jamais vista fora de um terreiro levou quase à loucura milhares de pessoas que se aglomeravam em frente ao hospital. Mulheres choravam, entravam em transe, desmaiavam; os homens murmuravam preces por sua alma e gritavam: PAI, ME LEVA COM VOCÊ!

Ao se confirmar a triste verdade, os atabaques começaram a marcar em toques fúnebres, anunciando a dor da perda irreparável. Todos ficaram inconsoláveis, mas mesmo assim lembrando de render tributo a Deus, pedindo que recebesse o filho amado de braços abertos. Para eles, o grande sacerdote apenas ganhara uma estrada de estrelas para chegar ao Reino de Deus. Joãozinho da Gomeia morre aos 57 anos, 40 dos quais dedicados ao Candomblé."

Texto extraído e adaptado da revista "Candomblés", número 2. Foto retirada da coluna do próprio Joãozinho da Gomeia, no jornal "Tribuna Trabalhista", onde ele respondia as cartas dos leitores na coluna "Ao cair dos búzios".

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