Um ponto de discordância para muitos, é a enigmática figura de Zé Pelintra, que iremos analisar criteriosamente. Em muitos terreiros de Umbanda, ele é impedido de trabalhar, sobretudo nos esotéricos, que o chamam de espírito atrasado. O mesmo, dizem alguns em relação à Maria Padilha, aos Boiadeiros e Marinheiros. Tudo isso é fruto de ignorância daqueles que não os respeitam e não os conhecem, pois devemos lembrar que nossa religião é um entrada aberta para todos os que nela queiram praticar a caridade. Nõ nos cabe julgar ninguém, já que temos uma enorme trave em nossos olhos. O respeito ao ser humano, reencarnado ou desencarnado, é a base fundamental para o nosso progresso como espíritos em aprendizado constante.
O Zé que conhecemos, foi introduzido na Umbanda a partir do catimbó, culto praticado no Nordeste brasileiro, que se apóia bastante na religião católica, apesar de guardar um pouco das praticas pagãs, vindas da bruxaria européia. Ela pode se parecer um pouco com a Umbanda, mas, tem um pouco com o Candomblé. A semelhança com a Umbanda é devido ao trabalho com entidades incorporadas. Entretanto, os Mestres do Catimbó possuem uma teatralidade de incorporação muito típica e discreta que está longe do "trabalho de palco" umbandista. Neste cenário, Zé Pelintra é um dos mestres desse culto. Poucos sabem, mas o mesmo teve vida na Terra. Nascido em Pernambuco, José Gomes da Silva, como era chamado, ainda jovem foi viver no Rio de Janeiro, onde frequentava a boemia do central bairro da Lapa.
Fez amigos entre a malandragem e bandidagem da época, sendo querido por todos. Perito em jogos de azar (baralho e dados) ganhava de todos os que ousassem desafiá-lo. Exímio no manejo de armas brancas, sempre estava pronto a defender os injustiçados, coisa que ainda faz, hoje em dia, só espiritualmente.
Assim, Zé Pelintra formou uma bela falange de malandros de luz, que vem ajudar aqueles que necessitam. Eles são as entidades amigas e de muito respeito, sendo assim, não aceitamos que pessoas que não respeitam a religião digam que estão incorporadas com seu Zé ou qualquer outro malandro, e façam uso de maconha ou tóxicos. As entidades usam cigarros e charutos, pois a fumaça funciona como defumador astral e não visa. Entre os membros de sua falange, há: Seu Chico Pelintra, Cibamba, Zé da Virada, Zé Camisa Preta, Zé Mineiro, Zé Camisa Vermelha, Zé Camisa Listrada, Malandrinho,
Zé da Mata. Malandro da Baixa do Sapateiro, Malandro da Lapa, Malandro do Pelourinho, Malandro da Praia, Malandro da Zona Portuária, entre outros.
Os malandros vêm na Linha de Exu, mas não são Exus! Aderiram à Linha das Almas da Umbanda. São Guias luzeiros que são frequentemente encontrados em giras de Exu devido à afinidade com o sub-mundo e também por não haver comumente nos terreiros uma gira a eles dedicado. Zé Pelintra é considerado o "advogado dos pobres" Possui conhecimentos para curas de males físicos e espirituais. Devido a sua extrema simpatia é adorado quando baixa nos terreiros, canalizando para si a atenção de todos.
Tornou-se chefe da Linha dos Malandros, que compreende espíritos que tiveram vida nos morros cariocas, na boemia da Lapa, nos subúrbios cariocas, baianos e recifenses. Trata-se de um coringa, tanto incorporando na direita como na esquerda. Isto é, Seu Zé pode baixar em qualquer gira, tanto de Exu, como de Preto Velho, Mineiro, Baiano, boiadeiro, marinheiro e caboclo.
Há casos de trançamento, ou cruzamento com esses também, como por exemplo, Zé Baiano, Zé Boiadeiro, entre outros.
São entidades de Luz, carismáticas, e chegam nos terreiros de Umbanda, com seu samba ou capoeira no pé, seu cigarro na boca, chapéu de panamá de lado, com toda a ginga de um malandro. Ao contrário dos Exus que estão nas encruzilhadas, encontramos os malandros em bares, subidas de morros, festas, esquinas e muito mais. Suas cores são vermelho e branco, ou branco e preto. Pra oferendas são recomendados camarões, carne seca com farofa, e outros petiscos servidos em bares. A bebida é a cerveja branca bem gelada. Salve a malandragem! Saravá Seu Zé Pelintra!
Autor: André Luiz P. Nunes
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