22 junho 2019

Mãe Jaciara, do Candomblé, e Mãe Izabel, da Umbanda, contam um pouco sobre seu cotidiano de vivências e práticas. Conheça um pouco mais as religiões afro-brasileiras nas palavras dessas matriarcas do axé.

Umbanda e Candomblé: conhecer é o caminho para a quebra do preconceito
No 1º Encontro dos Povos de Terreiro, em Minas Gerais, representantes dos povos de axé comentam o desafio da tolerância


Agatha Azevedo
Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG),17 de Junho de 2019 às 10:56

Cerca de 400 lideranças do Candomblé e da Umbanda estiveram presentes ao encontro entre 13 e 16 de julho
 /Foto: Rafael Stedile

Com a benção dos mais velhos e dos mais novos, o itan e o oriki — formas de cântico e oração dos povos de axé no idioma yorubá — iniciam os trabalhos, as celebrações e as festividades dessa cultura milenar que resiste nos territórios tradicionais ao redor do mundo. E é sob este manto de ancestralidade espiritual que cada dia do 1º Encontro dos Povos de Terreiro Ègbé — eu e o outro se inicia, sempre respeitando os tempos dos orixás e do sagrado. O evento foi organizado pelo Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira, e aconteceu entre 13 e 16 de junho, em Belo Horizonte (MG).

Em meio a essa troca de energia, mulheres e homens de axé falam de suas realidades, e do sequestro de seus ancestrais africanos, vendidos em solo brasileiro, mas que mantiveram a ancestralidade mesmo debaixo do açoite. "A gente fez até uma estratégia política de esconder nossos Orixás atrás de um altar, e cultuar os santos da Igreja Católica para poder satisfazer os feitores", explica Mãe Jaciara.

A baiana de 52 anos é uma yalorixá do Candomblé, e explica que “ser um yalorixá significa ser uma mãe da comunidade”. Ela conta também que “os terreiros de Candomblé hoje são um espaço de resistência, onde a liderança maior é matriarcal, mulheres são escolhidas para ser yalorixá”.

Mãe Jaciara explica que “o terreiro de Candomblé é um espaço que contempla reconstruir valores, e o principal é a questão da família pelo fato de nossa religião vir de África de uma forma subumana, arrancados de África tendo que ocultar o nome, esquecer a identidade”, diz e continua: “tem até uma história de que a gente tinha que dar 9 voltas na árvore para esquecer o que era ser africano — mas nós não éramos escravos em África, nós éramos reis e rainhas”.

Com quase meia década dedicadas às práticas e vivências das religiões afro, “30 anos de santo e 46 anos de jurema”, como ela diz, Mãe Izabel de Acorodan é uma doné da Umbanda — referência de maior idade e iniciação à religiosidade —, na Paraíba. Segundo ela, sua resistência cotidiana vem da espiritualidade ancestral, que mostra a necessidade de ajudar o outro.

“A Umbanda nos dá a magia para que a gente possa ajudar as pessoas, como todas as nossas religiões, a Umbanda tem a força da mulher porque tudo começa com as mães”, ensina Mãe Izabel.

Ambas religiões matriarcais, o Candomblé vem do continente africano e resiste à tentativa de destruição durante a diáspora africana, que espalhou pessoas escravizadas para trabalhar forçadamente ao redor do mundo. Já a Umbanda é genuinamente brasileira, mas ambas carregam elementos do período de resistência dos afro-brasileiros para manterem seus cultos sagrados mesmo com a imposição da Igreja Católica Apostólica Romana como a única forma de crença permitida.

Lideranças participam do encontro em Belo Horizonte. (Foto: Rafael Stedile)
Falta de conhecimento


Mesmo em um estado laico, a reparação das experiências de opressão dos povos negros em forma de aceitação de sua religiosidade ainda é um caminho longo a ser percorrido. Sobre o preconceito, Mãe Izabel afirma que o que acontece “é mais que uma falta de conhecimento, porque no passado, no tempo dos Usineiros, eles sempre tinham um benzedor nas suas terras, e quando o dono das terras estava com tiriça, preguiça, quebranto, eram eles quem resolviam”, afirma ela, dizendo que “sempre reconheceram o dom, mas não o aceitam por hipocrisia”.

Com bom humor, Mãe Izabel fala que se considera macumbeira. “Macumba, que eu saiba, é um instrumento feito de madeira, parece um reco-reco, mas como nós somos de catiça [de magia, encantados, feiticeiros], o povo nos batizou de macumbeiros, e nós assumimos esse negócio aí”, conta em tom de piada. Em sua casa de Umbanda, ela tem alecrim, malva, levante, pé de quiabo, e muitas outras plantas.

“As pessoas que viessem visitar iam sentir um cado de perfume, um tanto de um cheiro forte”, explica Izabel, falando sobre a importância de estar aberto a conhecer, afinal “ninguém nasceu, nem cresceu para ser criticado no meio da rua por qualquer razão que seja”.

Leão da intolerância

Para os povos de terreiro, não existe céu nem inferno. Mãe Jaciara conta que o terreiro é o local onde os povos se fortalecem, independente de cor, de credo e de etnia. “As pessoas que não conhecem o candomblé acham que a gente cultua o diabo, mas o diabo para mim é da Igreja Católica, o anjo Lúcifer, nós cultuamos Exú, que é o mensageiro entre o natural e o sobrenatural, e cultuar Exú é cultuar a alegria, a fertilidade, a vida”.

Segundo a líder espiritual, a religiosidade dos povos de axé está presente em todas as esferas da vida e os terreiros não são um lugar apenas de oração “a gente recria espaços de acolhimento ancestral, espiritual e psicológico, as pessoas chegam no terreiro com muita fragilidade, seja pela exclusão, pelo racismo, pelo ódio, pela forma como o negro é tratado no Brasil”, explica.

Para lidar com a intolerância, Mãe Jaciara diz que “todo dia a gente tem que matar um leão para estar vivo, mas é um momento que o país está passando, e só mesmo dentro do terreiro de Candomblé com rituais de acolhimento, com folha sagrada, com banho de ervas, com banho de água de cachoeira, que a gente está mantendo um equilíbrio”. Por isso mesmo, se preocupa com os ataques que as casas e terreiros sofrem, que para ela, tem a ver com o aumento do ódio e da intolerância.

“A gente não bate na porta de ninguém para ser do Candomblé, ou diz que o Orixá vai cobrar, o maior pecado que o ser humano tem é errar com o outro”, pontua.

Cultuando a força da natureza, do ar, do tempo, das águas, e da vida, Mãe Jaciara fala sobre a importância do equilíbrio energético para a vida e para a espiritualidade para a construção de territórios que libertem. "O terreiro de Candomblé faz trabalhos sociais, dá curso, faz roda de diálogo, caminhadas para impactar no ódio religioso e pedir a paz”, completa a líder comunitária, falando da vida, da ética e da autoestima, valores do Candomblé.

Essa conexão com o sagrado também se faz presente na espiritualidade Umbandista. “Você já parou para pensar quantos Caciques morreram para eu chegar aqui? Quantos ciganos morreram?”, pergunta Mãe Izabel, para falar da ancestralidade. “Os ancestrais voltam para casa para ficar nos olhando, é um jogo de existência, meus antigos me dão e eu busco os novos para dar o que eu tenho”, explica, com tranquilidade.

Mãe Izabel afirma que os povos de terreiro estão abertos para serem descobertos. “Eu diria para vocês ficarem nus de todo o conhecimento e recomeçarem, pois o nosso corpóreo já é uma roupa, e tudo que você receia encosta em você, justamente essa negatividade, esse preconceito”, e recomenda que, para conhecer e quebrar preconceitos, as pessoas se vistam de amor, pois sua única obrigação ao longo da vida é ser feliz.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira




I MOSTRA GASTRONÔMICA E CULTURAL DOS TERREIROS DE EXTREMOZ



I MOSTRA GASTRONÔMICA E CULTURAL DOS TERREIROS DE EXTREMOZ

LOCAL: NA PRAÇA EM FRENTE À ESCOLA ALMIRANTE TAMANDARÉ EM EXTREMOZ.

DATA: PRÓXIMO SÁBADO, DIA 29

HORÁRIO: DAS 17 ÀS 23h

COMIDA TRADICIONAL E DELICIOSA

APRESENTAÇÕES CULTURAIS

CAPOEIRA

BOA MÚSICA

ENCONTRO DE AFOXÉS

ARTESANATO

E MUITO MAIS


#PEGAOTREMEVAI
@ Extremóz, Rio Grande Do Norte, Brazil


Fonte: 
Flavinha Dela Rocha


21 junho 2019

Resultado da Nossa Quarta de Reuniões (19/06) sobre a Estátua de Iemanjá na cidade do Natal - RN!


Resultado da Nossa Quarta de Reuniões (19/06) sobre a Estátua de Iemanjá:

9h - Reunião com o Ministério Público com a Dra Danielle Veras;

___Dia 19/06/19 às 09:00 horas aconteceu a reunião do ministério público com a COEPPIR, povo de axé e três secretarias do município de Natal para dar continuidade a discussão sobre a situação da estátua de Iemanjá. A reunião foi positiva, mas para seguirmos em frente nos encaminhamentos foi visto que precisava-mos ter a resposta da liberação dos recursos pela prefeitura e daqui a 15 dias voltaremos a nos reunir. Fotos da reunião. Pedrinho de Ogum/ Omoloko, Natal/RN___




14h - Reunião com os Secretários Municipais foi favorável, garantimos a liberação do recurso para a substituição da Estátua, já a reforma do calçadão passará por um processo de elaboração de estudo e projeto do entorno.

___Dia 19/06/19 às 14h, reunião com o secretário do gabinete civil da prefeitura do Natal, Dr. Paulo e representantes de mais três secretárias para discutir a liberação de Emendas em função da substituição da estátua de Iemanjá. Resultado positivo, o mesmo autorizou a abertura do processo para aquisição de uma nova estátua e foi iniciado o diálogo para uma audiência com o prefeito e povo de axé. Nossos sinceros agradecimentos a todos que se fizeram presentes. Pedrinho de Ogum/Omoloko, Natal- RN___

Fonte: 
Fórum Estadual Das Comunidades De Terreiros Do RN

GRUPO ARTICULAÇÃO DE MATRIZ AFRICANA E AMERÍNDIOS DO RN (GAMA-RN). - Convidamos aos irmãos(as) de axé sem exceção para a reunião dia 30/06/19, às 9h na escola Iapissara Aguiar, na avenida Dr. João Medeiros Filho, Zona Norte - Natal.




Convidamos aos irmãos(as) de axé sem exceção para a reunião dia 30/06/19, às 9h na escola Iapissara Aguiar, na Avenida Dr. João Medeiros Filho, Zona Norte - Natal. 
Obs: ao lado do Nordestão do conj. Santa Catarina.

Pauta:
1- Momento de reflexão com o tema do II fórum, Juventude: União de gerações construindo o futuro, expositores (vamos ouvir os pais ogans, os mais velhos e mais novos): Ogan Alaelson ty Oxóssi (Natal),
Ogan Lázaro ty Oxóssi (Natal),
Ogan Nilton ty Sangó (Extremoz) e Ogan Assis de Oxalá (Ceará mirim)

2- Encaminhamentos práticos para a organização do II Fórum Estadual das comunidades Tradicionais de Terreiros do RN, acontecerá dia 30/11 em Natal: 
- Apontar caminhos do III fórum no aspecto de termos uma atividade de rua como abertura e realizar junto ao mesmo o I fórum nacional do povo de axé
3- Avaliação da audiência com a governadora 
4- Informes gerais

O fortalecimento das comunidades de terreiro e das demais expressões afro brasileira depende de todos(as), portanto se o pai ou mãe não poderem estar presentes, envie um filho(a) da casa, no entanto todos são convidados de A a Z e se possível confirme sua presença. Abraço fraterno, Pedrinho de Ogum/Omoloko (Natal/RN) - 988826670.

LANCHE COLETIVO
(Sugestão: Água, Suco, Café, Bolo, Frutas, Bolachas....)


Fonte: Fórum Estadual Das Comunidades De Terreiros Do RN

Governo do Rio é intimado a agir contra ataques a terreiros

Foto: Kevin Tomé

O Governo do Rio deverá atuar de maneira mais efetiva no combate a intolerância religiosa no estado. Esta é uma determinação do Ministério Público Federal (MPF) ao governador Wilson Witzel. O ofício enviado na última sexta-feira (24) ao Palácio Guanabara, sede do governo, pede a atuação das polícias civil e militar contra os ataques a terreiros de religiões de matriz africana, na Baixada Fluminense. Em maio deste ano o MPF recebeu denúncias sobre o fechamento de pelo menos 15 casas a mando do narcotráfico, no município de Duque de Caxias. O MPF solicitou uma reunião com o governador.

Chegou até o Ministério Público uma denúncia de que um grupo de criminosos, chefiados por um pastor, circulou por terreiros da Baixada Fluminense proibindo festas e atividades. “Nenhuma casa foi destruída e os criminosos não machucaram ninguém. Porém foram taxativos ao proibir atividades dos barracões”, relatou o procurador da República Julio José Araujo, responsável pelo caso e autor do ofício.

O MPF tem um inquérito aberto para investigar a intolerância religiosa na Baixada Fluminense, e desde janeiro realiza reuniões com o Poder Público, religiosos e adeptos de religiões de matriz africana. O representante do estado é a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.

O Governo do Rio informou ainda não ter recebido o ofício do MPF, o Palácio Guanabara enfatizou que o governador acompanha o tema por meio da Secretaria de Direitos Humanos. Durante a semana, Witzel chegou a se reunir com o Conselho Estadual de Promoção da Liberdade Religiosa, formado pela sociedade civil, sendo informado sobre o aumento de casos de intolerância religiosa no estado.


Fontes: 

Evandro Fernandes 


18 junho 2019

Sobre a estátua de YEMANJÁ ela não existe mais, essa foto foi tirada no ano de 2008 e dela para car nada foi feito pelo nosso povo já Passau vários prefeitos e prefeitas e nada foi feito, mais não vamos nos calar!


Infelizmente temos que fazer esse tipo de apelo, denúncia, clamor as autoridades, QUE PAREM DE NOS VIOLAR! PAREM DE NOS AGREDIR, DE NOS CHICOTEAR, DE TENTAREM NOS CALAR! Vivemos numa falsa liberdade, sabemos que os maus tratos apenas mudaram de perfil, AGREDIR E VILIPENDIAR NOSSO SAGRADO DE TAL FORMA DESRESPEITOSA só aumenta nosso pesar, mas também aumenta NOSSA RESISTÊNCIA. Nosso Sagrado nos ensina as práticas do BEM VIVER em sociedade, BEM COMUM na lapidação diária do ser humano, o que te fére? É O NOSSO AMOR, O NOSSO RESPEITO? Qual o teu medo? DE VER A VERDADE SOBRE NÓS? 
"SÓ EXISTE RESPEITO PARA DEUS QUANDO HÁ RESPEITO ENTRE AS PESSOAS!" - Isso é o que ensina o nosso sagrado!

PREFEITURA DE AREIA BRANCA :DEVOLVA NOSSA IEMANJÁ PARA O SEU LUGAR !!!



Mais uma vez muito obrigado ao O Babálorixá Melquisedec de Sangó do Ilê Axé Dajô Obá Ogodô da cidade de Extremoz - RN, Quero pedir também aos órgãos de nossa cidade para tomar uma providencia sobre o descaso e o desrespeito com a imagem de YEMANJÁ que existia na praia de Upanema, Obs (Sobre a estátua de YEMANJÁ ela não existe mais, essa foto foi tirada no ano de 2008 e dela para car nada foi feito pelo nosso povo já Passau vários prefeitos e prefeitas e nada foi feito, mais não vamos nos calar!



Venho aqui agradecer de todo coração ao nosso irmão de fé Francisco Wellington de Ogum do Centro Espirita de Umbanda Xangâ Agojô da cidade de Mossoró por esta connosco nesta luta, só tenho a gradecer meu irmão. 
Juntos Somos Mais Fortes!


17 junho 2019

"6° Caminhada Contra a Intolerância Religiosa"- Fórum Inter-Religioso Limeira!


Nesse último domingo (16/06), realizamos a 6° Caminhada contra a Intolerância Religiosa em Limeira. O evento contou com a participação de Mãe Rita de Cássia Cordeiro, Secretária do Fórum Inter-Religioso para uma Cultura de Paz e Liberdade de Crença do Estado de São Paulo, Celso Silvino da Silva, representando o Instituto Mahatma Gandhi, também membro do Fórum Inter-Religioso Estadual e Pai Joãozinho Galerani, de Campinas, representando a Armac (Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região). Durante o trajeto, foram feitas diversas intervenções culturais como, maculelê, afoxé Filhos do Cacique, cânticos e mensagens de paz e amor dos segmentos religiosos presentes. Encerramos com a apresentação da Curimba Filhos do Vento, o Grupo de Capoeira Iuna e uma linda Ciranda, com a cirandeira Ciranda Ferrari.
Gratidão ao Secretário de Cultura Farid Zaine e Evandro Leite da Silva, a Cristiane da Escola Legislativa Paulo Freire, aos Coordenadores e membros do Fórum Inter-Religioso Municipal, aos alunos da Etec Trajano Camargo, Gabinete do Prefeito, Secretaria de Mobilidade Urbana, GCM e Secretaria de Saúde, por todo apoio e suporte durante o evento, finalmente um agradecimento especial a todos que participaram conosco dessa linda caminhada!








Fonte da Filmagem: Filhos do Cacique.

































































Fonte: 
Evandro Fernandes

O Blog Mariano de Xangó Parabeniza a todos do Fórum Inter-Religioso Limeira por essa 6° Caminhada contra a Intolerância Religiosa em Limeira.

Meu Sarava a todos!