Por Cíntia Cruz Do Racismo Ambiental
Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo
— Eles usavam luvas e toucas ninjas e diziam “Sai, Satanás’’. Tivemos que sair correndo — lembra a religiosa.
Para combater e prevenir a intolerância religiosa, será lançada na cidade, dia 25, a campanha “Diga não à intolerância religiosa’’, em defesa da liberdade religiosa, do estado laico e contra o racismo.
A cidade ficou em terceiro lugar na região — empatada com Mesquita — em número de registros de casos de intolerância na Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos.
Segundo o subsecretário de Direitos Humanos e Igualdade Racial, Marcelo Rosa, a campanha vai ser feita em parceria com as secretarias de Saúde e Educação:
— Vamos trabalhar isso nas escolas e nas unidades de saúde. Há casos de funcionários de hospitais que agem de forma preconceituosa com pacientes de religiões de matrizes africanas. Queremos evitar isso aqui.
Frei: “Racismo religioso”
A campanha “Diga não à intolerância religiosa” será lançada dentro do evento “Direitos humanos em defesa dos direitos’’, que será realizado na Praça da Matriz, no Centro. A ação será dia 25, das 9h às 17h, e vai levar à população informações sobre a defesa da violação dos diretos humanos.
Para o superintendente de Promoção de Políticas de Igualdade Racial de Meriti, Frei Tatá, há um racismo religioso que é responsável pelos ataques ocorridos:
— O racismo religioso é muito mais amplo do que a intolerância. Isso não acontece só nos terreiros, mas nas escolas, na família, nos relacionamentos.
Mãe Martha acredita que a ação deve se expandir para toda a região:
— A casa de matriz africana é um quilombo urbano. Espero que a campanha seja um espelho para a Baixada.
O pastor André Ribeiro, da igreja Shallom Nova Terra, comemorou o lançamento da campanha:
— Acreditamos no respeito a todos. Nos cultos, falamos de amor. Todos são filhos de Deus e devem ser amados.
Caminhada contra a intolerância em Meriti
Uma das ações da campanha será uma caminhada contra a intolerância religiosa, que será realizada em junho na cidade. Embora seja em Meriti, a campanha pode seguir para outras cidades da região. Mesquita já aderiu à iniciativa.
No lançamento da campanha, dia 25, a família de Mãe Beata de Iemanjá que morreu em maio, será homenageada.
Entre janeiro de 2017 e abril de 2018, foram registrados 112 casos de intolerância religiosa na Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI). Deste total, 27 casos foram registrados na Baixada Fluminense, 3 deles em São João de Meriti.
O pastor André Ribeiro, Mãe Martha Britto e Frei Tatá: juntos em defesa do respeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário