Idealizada pelos deputados Vicentinho e Carlos Santana, ambos do PT, a solenidade pôde ser considerada um marco na história do país. Transmitida pela TV Câmara e pela Internet, ao vivo, Vicentinho abriu o evento defendendo uma política de tolerância religiosa, demonstrada por ele mesmo ao se declarar praticante do catolicismo, mas um admirador incontestável das tradições e da força da religião afro-brasileira. “Como os amigos sabem, sou católico apostólico romano da Teologia da Libertação e caminho com o Frei Beto nesta luta pela igualdade. Aprendi, há muito tempo, com a Teologia da Libertação, que professar uma religião é uma dádiva de Deus; que professar uma religião não é algo exclusivamente para nós católicos, evangélicos ou espíritas. Afinal, Deus não deixou intérpretes para dizer qual o caminho mais correto”.
Em seguida, o deputado Carlos Santana enfatizou a mudança do ensino religioso nas escolas brasileiras e pela valorização e conscientização das religiões de matriz africana. O deputado esclareceu que é fundamental a presença da família no processo de educação para que as crianças não cresçam preconceituosas: “O preconceito é introduzido pelos meios de comunicação nas famílias e nós aprendemos desde cedo o preconceito”. E seguiu, “a umbanda é uma religião que cresce a cada dia, que não tem preconceitos, aceita todos igualmente, que não cobra dízimos. Talvez por isso seja tão perseguida”.
O deputado, que é autor de um projeto que determina o dia 15 de novembro como Dia Nacional da Umbanda, criticou ainda, a própria Casa Legislativa, que não apreciou a matéria, apesar de estar há meses parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Santana também fez uma proposta, que a partir do próximo ano, seja concedida uma sala da Câmara dos Deputados para que, uma vez por mês, os praticantes das religiões de matriz africana possam realizar seus cultos e palestras. “Se quisermos acabar com o preconceito, temos que começar a demonstrar a tolerância e a liberdade religiosa aqui dentro da Casa”, disse.
Para encerrar a cerimônia, o diretor da Diretoria de Proteção do Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Cultural Palmares, Maurício Reis, foi convidado a fazer soar o ataque, característica marcante da religião umbandista, e comandar os cânticos de adoração no Plenário Ulisses Guimarães, local onde se tomam as mais importantes decisões políticas do país.
“O dia 10 de novembro de 2008, ficará marcado na história deste país, pois foi veiculado nos meios de comunicação a solenidade em comemoração do centenário da Umbanda no Brasil no Plenário da Câmara dos Deputados, que levou a informação da história da umbanda para milhares de pessoas que assistiram ao vivo os depoimentos, cânticos e os toques. É um marco contra a intolerância religiosa, o preconceito e as possibilidades de conquistas para uma religião discriminada neste país”, afirma Maurício.
Que viva os 100 anos da Umbanda no Brasil!
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