13 janeiro 2012

Polêmica entorno da venda do acarajé na Bahia por evangélicos que insistem descaracterizar a tradição


Acredito que esta discussão deve ser levada muito a sério! O povo de terreiro não deve se deixar levar por mais este crime contra a identidade do povo afro descendente, sobre tudo o da Bahia. O Acarajé, especiaria maravilhosa que o povo negro preservou e tornou popular no Brasil todo, além de ser a comida por excelência do Orixá Oyá, é um alimento sagrado sim. Independente de onde e como esteja sendo vendido é sagrado, pertence ao sagrado de terreiro e ao imaginário do negro neste país. Tombado como patrimônio imaterial, o Acarajé, merece ser preservado na sua fórmula original de preparo e na forma de como é vendido tradicionalmente pelas baianas de acarajé em diversas partes do país.

Esta investida das Igrejas evangélicas é mais uma forma de agredir o povo de terreiro com intolerância, desrespeito e sacrilégio contra um bem teológico de nosso povo. Não podemos permitir isso! Quem quiser vender Acarajé, que venda da forma original. Com roupa de baiana e com tempero afro, com muito dendê, caruru, vatapá e pimenta... 

Achar que famílias por sustentarem seus filhos vendendo este alimento de forma alheatória é bom, merece uma discussão profunda sobre racismo e modos de transformação da cultura... As igrejas tentam de todas as formas nos repelir, nos omitir, nos satanizar. Isso é uma forma oficial de crime contra o patrimônio imaterial e contra a fé do povo de candomblé. “Acarajé pentecostal”, por favor, né... Isso é absurdo! Não devemos nos deixar levar pelo discurso da democracia racial em um país que só os negros e índios são condenados a miséria e a todas as formas de crimes contra a humanidade e cidadania. 

A Regina Cazé falou besteira sim em defender que se pode vender Acarajé de toda forma. Achei muito irresponsável da parte dela, pois como uma apresentadora que está sendo ouvida e vista por todo Brasil, ela deveria ficar neutra ou ser a favor mesmo das baianas vestidas, pois é claro que não devemos apoiar tamanha loucura contra a tradição negra, sobre tudo por ser o Acarajé, um bem tombado.

Imaginem dizer que seria interessante redecorar e reconstruir de toda forma a Igreja da Sé em SP, só por que deveríamos redecorar as paredes para fazer famílias ganharem um dinheirinho a mais com tal mudança na arquitetura e na arte empregada em tudo dentro deste templo, imaginou?

Pois é, patrimônio é aquilo que resguarda em si memória histórica, identidade, tradição e valor diverso para futuras gerações. Assim é o Acarajé, um patrimônio de um povo, imaterial, mas que tem o mesmo valor que o bem material com Igrejas, obras de arte, documentos históricos etc. É CRIME DESTRUIR O PATRIMÔNIO, como prevê a lei deste país.

Chega de crimes contra o povo de terreiro – Abaixo à intolerância religiosa – Abaixo aos neopentecostais e outros evangélicos que cometem crimes de intolerância – ABAIXO A TODA FORMA DE DISCRIMINAçÃO!

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