21 novembro 2011

Dia Nacional da Consciência Negra une religiões afro-brasileiras em Seminário do Dix-huit Rosado

 

O Brasil celebra hoje o Dia Nacional da Consciência Negra, dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data é lembrada em Mossoró com programação iniciada ontem, com o seminário "Povos Afrodescendentes do Brasil: reconhecimento e resistência", na Biblioteca Municipal Ney Pontes, Praça da Redenção, Centro.
O evento e é realizado pela Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (Fafic), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), por meio do Departamento de Ciências Sociais e Política (DCSP), em parceria com o Grupo de Estudos Culturais (Gruesc), Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) e Núcleo do Ilê Axé Dajó Yaomi-Sabá (Ketu).
A programação de ontem contou com roda de conversa, debatendo "Educação para as Relações Étnicorraciais: racismo, preconceito e ações afirmativas", com os professores Eliane Anselmo da Silva, Lidiane Alves Cunha e Glebson Vieira, seguido da mesa-redonda "Religiões de matriz africana: segredos e mistérios", coordenada pelo professor José Glebson Vieira. Participaram como expositores Melquisedec Costa da Rocha (Ilê Axé Obá Ogodô), de Natal; Francisco Cláudio Ferreira da Silva (Casa de Culto Espiritualista do Mestre Luiz Xavier), de Mossoró, Noaman Pinheiro do Nascimento (Ilê Axé Dajó Yaomi-Sabá), de Areia Branca, e José Geraldo da Silva (Centro Espírita de Umbanda), de Mossoró. A programação de hoje também é diversificada e será realizada na praça do Teatro Municipal Dix-huit Rosado. Começa às 17h, com a tradicional Louvação a Baobá, sob a responsabilidade de José Neto de Almeida (Centro Espírita de Umbanda/Mossoró; às 18h30, haverá Culto de Juremeiros (toré), cujo responsável é Melquisedec Costa da Rocha. Também haverá apresentação de Grupos de Capoeira e Sirê Campal: conhecendo os orixás, sob a responsabilidade de Noaman Pinheiro do Nascimento. Sobre a Louvação a Baobá, José Neto de Almeida informa que o ato reunirá artistas afrodescendentes de Mossoró, como a atriz Tony Silva, numa união dos terreiros em louvação ao baobá, árvore típica da África, considerada sagrada e milagrosa pelos adeptos de umbanda, simbolizando louvor aos orixás e antepassados (escravos e pretos velhos). "O baobá é uma árvore milagrosa cultuada pelos orixás, e a louvação a ela simbolizará a união de todos os terreiros de umbanda de Mossoró, com a presença de artistas", diz Neto, acrescentando que o ato e a programação devem reunir centenas de pessoas e serão destaques do Dia da Consciência Negra no interior do Rio Grande do Norte. Além da presença de artistas, como atrizes, atores, músicos, entre outros, o ato de louvação ao baobá simbolizará reverência a Dona Amélia, uma das umbandistas mais antigas de Mossoró e cujo respeito é saudado e reconhecido por todos como exemplo de respeito e fidelidade aos fundamentos da umbanda a serviço do bem e do ser humano. 
Luta diária contra discriminação e preconceito continua como desafioMembro do Centro Espírita de Umbanda/Mossoró, José Neto de Almeida diz que uma das reivindicações do segmento é a instituição de uma data municipal de consciência negra, de preferência um feriado local, a fim de dar mais visibilidade ao lado espiritual da cultura negra, com ênfase para umbanda, candomblé, entre outros. "São religiões ainda muito discriminadas que precisam ser mais aceitas, geralmente provocado por falta de informação, e a instituição de uma data contribuirá para enfrentar o preconceito e a discriminação. A instituição de uma data pelo poder público será uma importante contribuição nesse sentido, sentido de aceitação", afirma. Em relação à programação de hoje, além do culto a baobá, haverá Culto de Juremeiros (toré). É considerado juremeiro, aquele que além do culto aos orixás também cultua a jurema sagrada, passando assim por iniciação até ser totalmente pronto dentro da jurema, altura em que ele se chama tombo de jurema.

DATA
O Dia Nacional da Consciência Negra, hoje, é em homenagem à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, dia 20 de novembro de 1695. O quilombo era uma localidade onde escravos se refugiavam. Com o passar dos anos, chegou a atingir uma população de vinte mil habitantes, em razão do aumento das fugas dos escravos. O dia é celebrado desde a década de 1960, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos. Belo, procura-se evitar o desenvolvimento do autopreconceito, ou seja, da inferiorização perante à sociedade. Outros temas debatidos pela comunidade negra e que ganham evidência neste dia são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, entre outros.

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