06 maio 2011

Nações de matriz africana unidas pela religiosidade


Representantes de bandeiras do candomblé e da umbanda de Minas Gerais lançaram, na última quinta-feira, o Fórum Mineiro de Religiões de Matriz Africana.  Na ocasião, foi apresentada a Carta de Minas Gerais, com algumas reivindicações e os objetivos que o fórum pretende implantar.
"O fórum é um espaço para discussões políticas das religiões de matriz africana. Observamos, por exemplo, um forte preconceito contra a religiosidade africana, e o combate a esse tipo de discriminação é uma de nossas diretrizes", diz Dikota Djanganga, coordenadora estadual do Coletivo de Entidades Negras de Minas Gerais (CEN/MG).
Segundo ela, outra questão importante que o fórum vai agregar em suas ações e reivindicações está relacionado à educação nas escolas, no sentido de cobrar o ensino da cultura e da religiosidade africana no currículo escolar. "Isso já se tornou lei, mas não foi discutido de que maneira esse ensinamento será transmitido. Para tanto, é preciso a experiência de vivenciadores para transmitir o conhecimento", avalia.
Sandra Bossio, diretora do Centro pela Mobilização Nacional e representante jurídica do CEN/MG, diz que o ensinamento da cultura e religiosidade de matriz africana nas escolas é uma questão fundamental que o fórum pretende trabalhar.
"A aplicação da lei não acontece, pois os professores não estão capacitados para transmitir a história da cultura e da religião. Há também a questão da intolerância. Existem educadores e diretores de escolas evangélicos que se negam a implementar a questão na grade curricular", afirma.
Um ponto positivo que Dikota Djanganga destaca na audiência de criação do fórum foi a grande participação de diversas bandeiras do candomblé e umbanda. "Fiquei muito feliz com a presença de diversos representantes. Tivemos a participação de gente do interior, o que demonstra uma forte intenção em reunir forças", avalia.
De acordo com ela, uma reunião já está agendada para a última semana do ano, para discutir ações e traçar estratégias e planejamentos para o próximo ano.
A coordenadora estadual do CEN/MG afirma que o Fórum Mineiro de Religiões de Matriz Africana será coordenado por representantes sacerdotais de todas as bandeiras e nações participantes. "O fórum é um espaço democrático, onde todos terão uma participação efetiva", conclui.

Alguns objetivos

Combate à intolerância religiosa
Fomento à construção e implementação de políticas públicas
Mapeamento das comunidades tradicionais de religiosidade africana de Minas Gerais
Instituição de Conselho Sacerdotal das diversas bandeiras e nações de matriz africana



Proposta
Censo 2010 está na mira do fórum
De acordo com a coordenadora estadual do Coletivo de Entidades Negras de Minas Gerais, Dikota Djanganga, uma das primeiras ações que o Fórum Mineiro de Religiões de Matriz Africana adotará está relacionada ao Censo Demográfico 2010.
“Já estamos trabalhando em um planejamento sobre o Censo do ano que vem. Nossa ideia é uma modificação no questionário que possa abranger as religiões de matriz africana. Vamos abraçar essa proposta”, afirma.
Segunda ela, a ideia é realizar um amplo mapeamento para saber quantas pessoas adotaram a religião de matriz africana e qual delas seguem. “Temos a necessidade de identificar isso”, afirma. (FC)

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