16 abril 2011

Energia no ar: noite de rito em um templo umbandista de Campinas. Pai Raimundo Medeiros (ao centro) saúda os orixás


A umbanda divide suas entidades em dois campos energéticos, direita e esquerda. Na direita estão os espíritos de luz, evoluídos, que pregam e realizam o bem. Os mais tradicionais são os caboclos, pretos-velhos e crianças, e recentemente passaram a ser incorporados baianos, boiadeiros e marinheiros. Na esquerda estão os espíritos de má biografia, que operam o "mal necessário". São os exus, pombagiras, ciganas e malandros (cujo representante mais famoso é o Zé Pilintra). O culto dos espíritos de esquerda já foi tratado como religião separada, a quimbanda, mas hoje é abertamente parte da umbanda. De qualquer forma, exus e pombagiras, confundidos com demônios, são os principais alvos dos evangélicos.

Entidades de ambos os lados pedem oferendas (nunca diga "macumba") para realizar seus serviços mágicos. Não há bem e mal nessa hora, e sim crédito com os orixás. Como resume o Pai Raimundo Medeiros: "Meu filho, você merece? Toma. Você deve? Paga".

O sociólogo Reginaldo Prandi é taxativo: "A umbanda é a crença mais dinâmica, está sempre incorporando novidades". Ele revela que alguns templos estão até adotando veleidades new age como cristais, rochas e incensos. Note-se que a umbanda não tem livro sagrado nem autoridades eclesiásticas. Se um padre seguir o Alcorão, vai se ver com o bispo, mas cada pai-de-santo manda em seu terreiro. Outro traço fundamental é a tolerância. O homossexualismo, por exemplo, não é problema em terreiro algum.

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