28 março 2019

STF decide que sacrifício de animais em cultos religiosos é constitucional Decisão unânime tem repercussão geral e deverá ser seguida por juízes e tribunais de todo o país. Caso chegou ao Supremo após recurso do Ministério Público do Rio Grande do Sul.


STF decide que sacrifício de animais em cultos religiosos é constitucional

Decisão unânime tem repercussão geral e deverá ser seguida por juízes e tribunais de todo o país. Caso chegou ao Supremo após recurso do Ministério Público do Rio Grande do Sul.


Por Luiz Felipe Barbiéri e Mariana Oliveira, G1 e TV Globo — Brasília
28/03/2019 17h58 Atualizado há 54 minutos




O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (28), por unanimidade, que é constitucional o sacrifício de animais em cultos religiosos.

O caso chegou ao Supremo em um recurso do Ministério Público do Rio Grande do Sul contra uma decisão do Tribunal de Justiça gaúcho que autorizou a prática em relação a religiões de matriz africana, desde que sem excessos e crueldade.

O julgamento do caso começou em agosto do ano passado. O relator, ministro Marco Aurélio Mello votou a favor do sacrifício dos animais nos rituais de todas as religiões, não apenas as de matriz africana. Todos os ministros seguiram o mesmo entendimento.

Na ocasião, entretanto, Marco Aurélio condicionou o abate ao consumo da carne do animal, enquanto os demais não. O ministro Alexandre de Moraes pediu vista na oportunidade e o julgamento foi retomado nesta quinta-feira.

Voto-vista

Em seu voto, Moraes disse que a questão foi colocada de maneira “preconceituosa” pelo Ministério Público estadual, autor da ação, e pelos amigos da Corte, instituições que participaram das discussões no Supremo.

Moraes afirmou que houve confusão de rituais religiosos de sacrifício com práticas de magia negra, nos quais os animais seriam maltratados.

“O ritual não pratica crueldade. Não pratica maus tratos. Várias fotos, argumentos citados por alguns amici curie (amigos da Corte), com fotos de animais mortos e jogados em estradas e viadutos, não têm nenhuma relação com o Candomblé e demais religiões de matriz africana. Houve uma confusão, comparando eventos que se denomina popularmente de magia negra com religiões tradicionais no Brasil de matriz africana”, afirmou o ministro.

De acordo com Moraes, essa interpretação “preconceituosa” da prática estava levando à interdição de terreiros de Candomblé por autoridades administrativas e sanitárias. O ministro afirmou ainda que impedir a prática seria “manifestar claramente a interferência na liberdade religiosa".

"A oferenda dos alimentos, inclusive com a sacralização dos animais, faz parte indispensável da ritualística das religiões de matriz africana”, afirmou Moraes.

O ministro também votou para estender a permissão a rituais de todas as religiões, mas não condicionou a prática ao consumo da carne do animal.

Os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e o presidente Dias Toffoli também votaram para autorizar a prática e reconhecer o direito de todas as religiões em sacrificar animais em cultos. Celso de Mello não estava presente à sessão.

Para o ministro Luís Roberto Barroso, há desconhecimento sobre como são conduzidos os rituais nas religiões de matriz africana.

“Não se trata de sacrifício ou de sacralização para fins de entretenimento, mas sim para fins exercício de um direito fundamental que é a liberdade religiosa. Não existe tratamento cruel desses animais. Pelo contrário. A sacralização deve ser conduzida sem o sofrimento inútil do animal”, disse Barroso.

“Me parece evidente que quando se trata do sacrifício de animais nesses cultos afros isso faz parte da liturgia e está constitucionalmente protegido”, afirmou Lewandowski.

A decisão foi tomada em um recurso com repercussão geral e deverá ser aplicada por todos os tribunais e juízes do país em casos semelhantes.



25 março 2019

O Templo de Umbanda Vovó Catarina e Baiano Zé do Coco realizou uma linda Homenagem Exús e Pomba giras!


Homenagem realizada pelo Templo de Umbanda Vovó Catarina e Baiano Zé do Coco aos senhores Exús e Pomba giras,na noite de ontem em carapicuiba.
Um pouquinho do que foi nossa singela homenagem cheia de alegria e gratidão á esses maravilhosos trabalhadores do astral.
Agradecemos a participação e colaboração de toda corrente e assistência presente.
NUNCA FOI SORTE! SEMPRE FOI EXÚ!





 







 






22 março 2019

O escravo brasileiro que virou advogado e libertou 500 escravos - Luís Gonzaga Pinto da Gama, mais conhecido como Luiz Gama, nasceu em 21 de junho de 1830, na cidade de Salvador (BA)!


Era filho de mãe negra e pai branco, e foi vendido como escravo, pelo próprio pai, aos 10 anos de idade. Permaneceu analfabeto até os 17.

Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos cativos, sendo já aos 29 anos autor consagrado e considerado “o maior abolicionista do Brasil”. Luiz Gama também foi orador, jornalista, escritor brasileiro e o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil.

Foi um dos raros intelectuais negros no Brasil escravocrata do século XIX, o único autodidata e o único a ter passado pela experiência do cativeiro; pautou sua vida na defesa da liberdade e da república, ativo opositor da monarquia.

Luiz Gama viveu em Salvador até os 10 anos, quando foi vendido como escravo e levado para São Paulo, onde permaneceu analfabeto até os 17 anos.

Posto à venda, foi rejeitado “por ser baiano”, uma condição que dava aos cativos a fama de insubordinados e acabou sendo levado para a casa de um comerciante.

Em São Paulo, teve diferentes profissões e posições sociais: escravo do lar, soldado, ordenança, copista, secretário, tipógrafo, jornalista, advogado, autoridade da maçonaria.

Luiz Gama começou a carreira jornalística, na capital paulista, junto ao caricaturista Angelo Agostini. Ambos fundaram, em 1864, o primeiro jornal ilustrado humorístico da cidade, intitulado Diabo Coxo.

Gama ficou conhecido como advogado dos pobres e libertador dos negros. Em uma carta autobiográfica a Lúcio de Mendonça, Gama estimou que já havia libertado do cativeiro mais de 500 escravos. Durante um júri, Gama proferiu uma frase que se tornou célebre: “O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa”. Isto provocou tal reação ante os presentes que, com a confusão, o juiz se viu obrigado a suspender a sessão.

Embora atuasse principalmente na defesa dos negros acusados de crimes, ou para buscar-lhes a alforria judicialmente, não se negava a atender aos pobres de qualquer raça, havendo casos em que defendeu imigrantes europeus lesados por brasileiros.

Luiz Gama faleceu em 1882, seis anos antes da sanção da Lei Áurea. E em janeiro de 2018 seu nome entrou para o Livro dos Heróis da Pátria, 



20 março 2019

Morre em Salvador a líder religiosa Makota Valdina

Morre em Salvador a líder religiosa Makota Valdina



Enterro será às 15h30, no Cemitério Jardim da Saudade
A educadora, líder religiosa e militante da causa negra, Makota Valdina, 75 anos, morreu na madrugada desta terça-feira (19), em Salvador. Segundo a família, Makota estava hospitalizada há um mês, no Hospital Teresa de Lisieux. Ela teria dado entrada na unidade com dores causadas por pedras no rim,  mas, durante a internação foi constatada um abcesso no fígado e, no domingo, Makota sofreu uma parada cardio-respiratória. Ela entrou em coma e não resistiu.
O corpo será velado no Cemitério Jardim da Saudade e o enterro está previsto para ocorrer às 15h30. Makota não deixa filhos biológicos, mas ficam muitos sobrinhos que ela considerava como filhos. "Ela era a mãe de todo mundo aqui. O que ela sempre pediu foi que a gente perpetuasse o legado e os ensinamentos que ela deixou perante a religião e a luta dos negros", disse o sobrinho Júnior Pakapym. 
Professora aposentada da rede pública municipal de Salvador, ela foi membro do Conselho Estadual de Cultura da Bahia. Nasceu e cresceu no bairro Engenho Velho da Federação. "Tenho orgulho de ser do Engenho Velho. Meu umbigo está, literalmente, enterrado aqui”, disse, em entrevista ao CORREIO, em 2013.
Ambientada na religião de matriz africana desde pequena – sua mãe era do candomblé – Makota só aderiu ao candomblé nos anos 70, quando tomou consciência do racismo. Coincidentemente, era o mesmo ano de surgimento do Movimento Negro Unificado e do Ilê Aiyê. Makota é o cargo religioso ocupado por ela no terreiro de candomblé Nzo Onimboyá, espécie de conselheira da mãe de santo e responsável por cuidar da casa. “Makota é porque eu resolvi, conscientemente, empunhar a bandeira da militância, não como educadora que eu era, mas como religiosa do candomblé”, disse, em entrevista ao CORREIO, em 2013
Sua vida é retratada no documentário Makota Valdina - Um jeito Negro de Ser e Viver, que recebeu o primeiro Prêmio Palmares de Comunicação, da Fundação Cultural Palmares, na categoria Programas de Rádio e Vídeo. Em 2013, Makota Valdina publicou o livro de memórias intitulado "Meu caminhar, meu viver".  Ela foi referência na luta contra o racismo e intolerância religiosa e na valorização da cultura afro-brasileira. 
Ao longo de sua trajetória, Makota recebeu muitas homenagens. Entre elas os prêmios Troféu Clementina de Jesus, da União de Negros Pela Igualdade (UNEGRO), Troféu Ujaama, do Grupo Cultural Olodum, Medalha Maria Quitéria, da Câmara Municipal de Salvador, e Mestra Popular do Saber, pela Fundação Gregório de Mattos.
Makota Valdina durante o lançamento do seu livro
Makota Valdina durante o lançamento do seu livro (Leo Ornelas/Divulgação)
Ativista pela igualdade de direitos, e referência na preservação e valorização do patrimônio cultural afro-brasileiro, em vida, Makota via com bons olhos os novos tempos e apontava alguns avanços no combate ao racismo. “O fato da sociedade parar pra discutir e admitir que existe racismo já é um avanço. Poder discutir isso com as instâncias governamentais, e ainda ter uma lei que obriga o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas, também é avanço. Mas ainda temos muito chão a percorrer”, contemporizou, em entrevista concedida ao CORREIO, em 2013.
Mesmo constatando uma maior presença de negros nas universidades, ela ressaltava que o mais importante era rever os conceitos e as teorias dominantes, construídos sobre alicerces distorcidos e carregados de preconceitos. “Somos um país de misturas. Aqui, a gente tem a cultura indígena, africana, europeia e oriental e, junto com elas, suas crenças e valores. Então, por que diminuir as crenças dos negros e índios?”, questionava para, em seguida, emendar: “Isso é racismo”.
Para Makota, o preconceito naturalizou-se de forma tão intensa que o próprio negro não se assumia como tal, por vergonha. “Ninguém quer ser aquilo que é feio ou ruim. Mas, hoje, fico feliz quando vejo os jovens voltados às suas origens. E existe esse orgulho de ser africano e negro”. 
Ela defendia ainda que todo branco precisava buscar a sua negritude, assim como o negro também precisa buscar sua branquitude. “Porque houve um empréstimo. Eu sou mistura, sim. Mas tenho que me afirmar como negra; o que não faz de mim inferior”.
Ativismo
Em entrevista ao CORREIO no ano de 2015, Makota Valdina falou sobre sua preocupação com a natureza. Seu ativismo a favor do meio ambiente se fortaleceu em defesa do Parque São Bartolomeu, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, local que já foi importante para o culto das religiões afro-brasileiras. 
Ela cobrou conscientização dos terreiros para a preservação da natureza, inclusive evitando o uso de velas e de materiais não biodegradáveis nos rituais. "Orixá nenhum vai querer viver na sujeira. Nem os donos do mato querem sujeira. É preciso usar a natureza com responsabilidade. O verde é vida e não é só para quem é da religião de matriz afro-brasileira não, todos precisamos dele", afirmou.
Assista à entrevista:


Fontes: 
Alexandre L'Omi L'Odò