08 agosto 2012

As Sete linhas da Umbanda


Por Manoel Lopes
Cantamos e ouvimos falar muito sobre as sete linhas da umbanda, mas poucas pessoas compreendem e conhecem a origem histórica das sete linhas da umbanda.
Neste artigo iremos nos aprofundar no estudo da origem das sete linhas da umbanda e também apresentaremos a visão doutrinária do Núcleo Mata Verde sobre as sete linhas.
Sabemos que a Umbanda, como um culto organizado, começou em Niterói/RJ no início do século XX, tendo como data oficial da primeira reunião o dia 16 de Novembro de 1908.
Todos os documentos históricos indicam que o jovem Zélio de Moraes foi o responsável pelo início da umbanda.


Zélio fundou a primeira Tenda de Umbanda do Brasil, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, fundou as primeiras sete Tendas de Umbanda que teriam a responsabilidade de divulgar a ampliar a religião em solo brasileiro; criou o primeiro jornal de umbanda, a primeira federação de umbanda e também foi um dos organizadores do primeiro congresso de umbanda realizado em 1941.
Em sua vida teve oportunidade de divulgar a umbanda de norte a sul do nosso país.
Neste artigo não vamos entrar em maiores detalhes sobre a origem da umbanda, mas todas as informações acima são fundamentadas em livros, atas, estatutos registrados em cartório, gravações de vídeo e áudio.
A origem da umbanda com Zélio de Moares, não é somente um mito, um “achismo”, como alguns afirmam, mas fruto de pesquisa de muitos estudiosos, escritores, pesquisadores e umbandistas sérios.
Em outra oportunidade estaremos estudando com maiores detalhes, a origem da umbanda, apresentando documentos e registros históricos, caso haja interesse poderão fazer o curso a distância (EAD) oferecido pelo Núcleo Mata Verde no site www.mataverde.org
Sabemos que a umbanda teve seu inicio em 1908, mas e as sete linhas da umbanda?
Elas sempre existiram?
Quem elaborou as sete linhas da umbanda, foram os Orixás, os espíritos, os dirigentes umbandistas, os escritores?
Qual foi a primeira apresentação (codificação) das sete linhas da umbanda?
Quais as visões existentes?
Quais são as sete linhas da umbanda segundo a doutrina dos Sete Reinos Sagrados, ensinada pelo Caboclo Mata Verde e seguida no Núcleo Mata Verde?
Estas são algumas das perguntas e esclarecimentos que pretendemos desenvolver neste texto doutrinário.
O Início

Sabemos que foi o Caboclo das Sete Encruzilhadas o espírito responsável pela organização da umbanda, orientando logo na primeira reunião como seria esta nova religião, como seriam os trabalhos espirituais, o uniforme utilizado, o horário de início e término, os estudos etc…
Era o Caboclo que orientava e dava todas as determinações, por isso era chamado pelos integrantes da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade de CHEFE.
Além do Caboclo das Sete Encruzilhadas, logo na primeira reunião se manifestou outro espírito chamado Pai Antonio, um Preto Velho.
Estes dois espíritos foram os iniciadores do que conhecemos hoje como religião de umbanda, um CABOCLO e um PRETO VELHO.
Somente em 1913 (passados cinco anos do inicio da religião) é que Zélio de Moraes começa a trabalhar com a entidade conhecida como Orixá Mallet.
É importante deixar registrado que até esta data (conforme gravação de áudio do próprio Zélio de Moraes) o nome da nova religião era ALABANDA.
Segundo Zélio de Moraes nome original da religião foi Alabanda, onde Alá é uma palavra árabe que significa “Deus” e banda significando “do lado de”.
Logo, Alabanda significa do lado de Deus. Esse nome foi dado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, como uma homenagem ao Orixá Mallet, que era malaio e muçulmano (Alá é a forma como os muçulmanos chamam Deus).
Portanto até esta data não se falava em “SETE LINHAS DA UMBANDA”, também não existia na umbanda crianças, exus, pomba gira, ciganos, baianos e outras linhas conhecidas atualmente.

Qual foi a primeira Sete Linhas da Umbanda?

Somente em 1925 (passados dezessete anos do início da umbanda) é que o senhor Leal de Souza em entrevista a um jornal do Paraná, chamado “Mundo Espírita” apresenta pela primeira vez uma codificação das Sete Linhas da Umbanda.

Leal de Souza era escritor, jornalista e redator chefe do jornal “A Noite” do Rio de Janeiro; foi um participante ativo e dedicado, durante 10 anos, daTenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e amigo de Zélio de Moraes.
Afastou-se da Tenda Nossa Senhora da Piedade, sob as ordens do Caboclo das Sete Encruzilhadas, para fundar a Tenda Nossa Senhora da Conceição.
Em 1932 é convidado para escrever uma série de artigos sobre Espiritismo e Umbanda e novamente apresenta as Sete Linhas da Umbanda.
Em 1933 publica o primeiro livro a falar sobre a umbanda: “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas da Umbanda”.
O arquivo (PDF) deste livro está disponível no site do Núcleo Mata Verde e também é apresentado no curso EAD – Umbanda Os Sete Reinos Sagrados.

Segundo Leal de Souza, que vivia a umbanda em sua origem, as Sete Linhas da Umbanda eram:

1)Oxalá
2)Ogum
3)Oxossi
4)Xangô
5)Iansã
6)Iemanjá
7)As Almas
Em 1941 (passados 33 anos da fundação da umbanda) é realizado no Rio de Janeiro o Primeiro Congresso Brasileira de Umbanda e neste congresso é ratificado as sete linhas da umbanda.
As linhas são chamadas de “Pontos da Linha branca de umbanda” ou graus de iniciação e são:
1º Grau de iniciação – Almas
2º Grau de iniciação – Xangô
3º Grau de iniciação – Ogum
4º Grau de iniciação – Iansã
5º Grau de iniciação – Oxossi
6º Grau de iniciação – Iemanjá
7º Grau de iniciação – Oxalá
Reparem que os Sete Pontos ou Graus de iniciação confirmados no Primeiro Congresso Brasileira de Umbanda ( 1941 ) são as Sete Linhas da Umbanda apresentadas por Leal de Souza em 1925.
É neste primeiro congresso de umbanda que a Tenda Mirim apresenta um trabalho sugerindo que o nome da religião seria Aumbandã.

Em 1942 Lourenço Braga publica sua tese chamada “Umbanda e Quimbanda”, no qual apresenta o primeiro esquema formulado e pensado das sete linhas da umbanda com sete legiões para cada linha, também marca seu pioneirismo na apresentação da LINHA DO ORIENTE e das sete linhas da Quimbanda:

1)Linha de Santo ou de Oxalá – dirigida por Jesus Cristo
2)Linha de Iemanjá – dirigida por Virgem Maria
3)Linha do Oriente – dirigida por São João Batista
4)Linha de Oxossi – dirigida por São Sebastião
5)Linha de Xangô – dirigida por São Jerônimo
6)Linha de Ogum – dirigida por São Jorge
7)Linha Africana ou de São Cipriano – dirigida por São Cipriano

Em 1952 (após 44 anos do inicio da religião) o Primado de Umbanda, ente federativo que tem como seu Primaz o Senhor Benjamim Figueiredo, responsável pela Tenda Mirim apresenta sua doutrina e os Sete Seres Espirituais responsáveis pela luz espiritual emanada de Deus, o primeiro elo entre Deus e as outras hierarquias espirituais.
Em nosso sistema solar, os chamados Orixás Maiores regem as Sete Linhas da Umbanda:

1)Orixalá
2)Ogum
3)Oxossi
4)Xangô
5)Yorimá (Iofá, Obaluaê)
6)Yori (Ibeji – Erês – Crianças)
7)Iemanjá
Em 1955 Lourenço Braga publica o livro “ UMBANDA E QUIMBANDA – VOLUME 2”, onde apresenta a seguinte distribuição, onde atribui a cada linha um Arcanjo como responsável e relaciona com os planetas:

1)Linha de Oxalá ou das almas – Jesus – Jupiter
2)Linha de Yemanjá ou das águas –Gabriel – Vênus
3)Linha do Oriente ou da Sabedoria – Rafael – Urano
4)Linha de Oxossi ou dos vegetais – Zadiel – Mercurio
5)Linha de Xangô ou dos minerais –Oriel – Saturno
6)Linha de Ogum ou das demandas – Samael – Marte
7)Linha dos Mistérios ou encantamentos – Anael – Saturno

Em 1956 W.W.Mata e Silva apresenta no livro “Umbanda de Todos Nós” as sete linhas da Umbanda:

1)Orixalá
2)Iemanjá
3)Yori (Crianças )
4)Xangô
5)Ogum
6)Oxossi
7)Yorimá (Linha das Almas, Pretos Velhos)

Notamos que foi a partir da década de cinqüenta que os estudiosos retiram das sete linhas a vibração de Iansã e substituem pela Yori (Crianças).

Em 1964 no livro “Okê Caboclo – Mensagens do Caboclo Mirim”, de Benjamim Figueiredo fundador da Tenda Mirim, os Orixás se dividem em menores e maiores, sendo estes últimos os regentes das sete linhas:

1)Oxalá (Inteligência)
2)Iemanjá (Amor)
3)Xangô Caô (Ciência)
4)Oxossi (Lógica)
5)Xangô Agodô (Justiça)
6)Ogum (Ação)
7)Iofá (Filosofia)

Em 2003, Rubens Saraceni, apresenta uma nova organização no livro “Sete Linhas da Umbanda – A Religião dos Mistérios”:

1)Oxalá – essência cristalina – fé
2)Oxum – essência mineral – amor
3)Oxossi – essência vegetal – conhecimento
4)Xangô – essência ígnea – justiça
5)Ogum – essência aérea – lei
6)Obaluaiê – essência telúrica – evolução
7)Iemanjá – essência aquática – geração/vida

Em 2009 no livro “Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista”, Rubens Saraceni, traz a seguinte ordenação:

1)Oxalá
2)Ogum
3)Oxossi
4)Xangô
5)Oxum
6)Obá
7)Iansã
8)Oxumaré
9)Obaluaê
10)Omulu
11)Nanã
12)Oiá Tempo
13)Egunitá
14)Exu
15)Pomba-Gira

Em 2010, Janaina Azevedo Corral, no livro “As Sete Linhas da Umbanda”, traz a seguinte apresentação:

1)Linha de oxalá
2)Linha das Águas
3)Linha dos Ancestrais (Yori e Yorimá)
4)Linha de Ogum
5)Linha de Oxossi
6)Linha de Xangô
7)Linha do Oriente

Além das codificações citadas acima, existem outras.
Estas codificações tentam explicar ou justificar como e porque, os espíritos se manifestam com determinadas características, porque possuem preferência por determinadas cores, nomes, regiões da natureza (praia, montanhas, matas, cemitérios etc…)e demais afinidades.
Todos estes escritores e pesquisadores umbandistas, inspirados por seus mentores, observaram, estudaram e de acordo com suas observações agruparam as entidades espirituais em linhas, que foram em determinadas épocas separadas em falanges, legiões etc…
Agora vamos conhecer como trabalhamos no Núcleo Mata Verde.

Alguns princípios:Seguimos uma doutrina chamada UMBANDA – OS SETE REINOS SAGRADOS, que resume os ensinamentos do Caboclo Mata Verde.
Seus conceitos são simples e racionais; podemos afirmar com toda certeza que simplicidade e racionalidade são as bases da doutrina.
Não vamos nos aprofundar nos detalhes dos fundamentos da doutrina, devido ao tamanho deste texto, mas recomendamos aos interessados o estudo a distância promovido pelo Núcleo Mata Verde no site www.mataverde.org/ead
1)Vivemos no planeta Terra e somos filhos do planeta.
2)Os Orixás primordiais participaram da formação e evolução do planeta, cada qual com sua responsabilidade. Muitos são os Orixás.
3)Para efeito de estudo dividimos a formação do planeta, nestes quase 5 bilhões de anos em fases, que chamamos de reinos.
4)Existem sete reinos com características bem definidas.
5)Cada reino tem suas características próprias, seus orixás regentes, suas vibrações e qualidades e sua cor conforme se apresenta na natureza.
6)Tudo o que existe no planeta possui em sua constituição estas sete vibrações primordiais. Este princípio, num segundo momento, pode ser estendido para todo o universo como uma lei universal.
7)Estas sete vibrações são de natureza material e espiritual.
8)As pessoas, as plantas, os animais, a matéria, os espíritos e tudo o que existe possuem as sete vibrações primordiais, mas podem possuir uma afinidade maior com algumas vibrações, o que acarreta a individualização de sua natureza.
9)A Lei da afinidade vibracional (Espiritual) é um ponto fundamental da doutrina dos sete reinos sagrados
10)É esta individualização que justifica a manifestação de espíritos em falanges, legiões ou linhas.
11)O processo evolutivo do planeta Terra apresentado na doutrina é o mesmo processo aceito pela ciência oficial.

Após estas considerações apresentamos abaixo os sete reinos sagrados:

1)Reino do Fogo – regido por Ogum (É o primeiro, aquele que abre os caminhos) – vermelho
2)Reino da Terra – regido por Xangô – marrom
3)Reino do Ar – regido por Iansã – amarelo
4)Reino da água – regido por Iemanjá – azul claro
5)Reino das matas – regido por Oxossi – verde
6)Reino da Humanidade – regido por Oxalá – branco
7)Reino das Almas – regido por Omulu – preto

É interessante chamarmos a atenção para a semelhança existente entre os sete reinos e seus orixás regentes, com a primeira codificação apresentada por Leal de Souza.
Seria somente uma coincidência?
Lembramos que não podemos confundir reinos e suas vibrações com Orixás.
Trabalhamos com sete reinos, mas a doutrina não limita a quantidade de Orixás existentes.
Alguns Orixás possuem afinidades com um reino, outros com dois ou mais reinos e este o motivo de sua individualidade. Este conceito se aplica a todos os espíritos que se manifestam na umbanda.
Não interessa se o espírito se manifesta como uma criança, um adulto ou um velho; se é mulher ou homem; não interessa se é um baiano, boiadeiro, marinheiro, cigano, malandro, mendigo, semiromba, um falangeiro, um exu etc…
Não interessa se ele se apresenta como negro, branco, amarelo ou vermelho; ele sempre terá afinidades com um ou mais reinos e são estas características que trabalhamos no Núcleo Mata Verde.
Os espíritos podem trabalhar em mais de um reino, por exemplo, um OGUM SETE ONDAS, é um espírito que trabalha com o REINO DO FOGO (Ogum) e com REINO DA ÁGUA (Iemanjá).
Um OGUM MEGÊ é um espírito que trabalha com as vibrações do REINO DO FOGO (Ogum) e do REINO DAS ALMAS (Omulu).
Não trabalhamos diretamente com o conceito de linhas, como mencionado acima, mas se fossemos apresentar os espíritos por linhas, seriam as seguintes:
1)Linha do Fogo – regida por Ogum
2)Linha da Terra – regida por Xangô
3)Linha do Ar – regida por Iansã
4)Linha da água – regida por Iemanjá
5)Linha das Matas – regida por Oxossi
6)Linha da Humanidade – regida por Oxalá
7)Linha das Almas – regida por Omulu

São Vicente, 24/07/2011

Manoel Lopes – Dirigente do Núcleo Mata Verde

Bibliografia:

1)Umbanda Os Sete Reinos Sagrados – Manoel Lopes – Ícone Editora
2)Umbanda Um Século de História – Diamantino Fernandes Trindade – Ícone Editora
3)História da Umbanda – Alexandre Cumino – Madras Editora
4)Umbanda de Todos Nós – W. W. Matta e Silva
5)Curso Essencial de Umbanda – Ademir Barbosa Junior – Universo dos Livros
6)Curso EAD do Núcleo Mata Verde – www.mataverde.org/ead

As Sete Forças Primordiais e as Sete Linhas da Umbanda

Planeta Terra

No Núcleo Mata Verde, seguimos uma doutrina umbandista chamada de Sete Reinos Sagrados.
Identificamos sete forças universais que são produzidas pelos sete reinos sagrados e que se manifestam na realidade física, etérica, estrutural e espiritual.
A componente física é a parte mais densa da natureza, a matéria, a massa.
A componente etérica é a resultante de todos os campos eletromagnéticos gerados pelas estruturas materiais existentes no universo, seja uma pedra ou o corpo humano.
A componente estrutural é o campo estrutural, o organizador das formas, formado pelos campos de natureza mental e emocional; o biólogo inglês Rubert Sheldrake chama estes campos estruturais de campos mórficos.
Recomendamos a leitura do livro: “A Presença do Passado – Rubert Shedrake” – Instituto PIAGET.
Finalmente a componente espiritual, que são as vibrações de natureza espiritual que tem origem nas inteligências extrafísicas conhecidas como espíritos.

O equilíbrio destas sete forças primordiais, em suas diversas manifestações (física, etérica, mental, emocional e espiritual) é o responsável, entre outras coisas, pela existência da vida humana.
Estas sete forças são conhecidas, dentro do ritual de umbanda, pelo nome em Tupi antigo.

São elas:

1)Tatá Pyatã – força Ígnea

2)Yby Pyatã – força telúrica

3)Ybytu Pyatã – força eólica

4)Y Pyatã – força hídrica

5)Caá Pyatã – força vegetal e animal

6)Abá Pyatã – força hominal

7)Angá Pyatã – força espiritual

Cada uma destas sete forças é vinculada a um reino, que dentro de uma estrutura didática adotada pela doutrina dos sete reinos sagrados, são fases da evolução planetária.

Para maiores detalhes sobre a formação planetária e os sete reinos sagrados, recomendamos os cursos oferecidos pelo Núcleo Mata Verde, pelo sistema de ensino à distância no site www.ead.mataverde.org

Focando nossa atenção na parcela espiritual destas sete forças primordiais, podemos identificar a existência de sete hierarquias espirituais vinculadas aos sete reinos sagrados.

Cada uma das sete hierarquias espirituais é formada por seres espirituais nos diversos estágios do caminho evolutivo que são: as mônadas espirituais recém criadas, os elementais, os elementares, almas grupos, encantados, espíritos encarnados, protetores, guias, santos, mestres, anjos e Orixás.

A este caminho evolutivo que se inicia na mônada espiritual, recém-criada por Deus, e encontra seu topo evolutivo nos Orixás Primordiais, chamamos deArapé – O Caminho da Luz; o caminho da evolução espiritual e que todos nós participamos.

Temos como princípio que os Orixás são seres espirituais da maior envergadura espiritual e que são os primeiros espíritos criados por Deus; por isso estão no topo do caminho evolutivo espiritual nunca se manifestam mediunicamente pois são pura luz espiritual, forças divinas.

Acima deles somente o criador!

Estes Orixás conhecidos como Orixás Primordiais receberam de Deus a tarefa de criarem, ordenarem, organizarem e manterem todo universo; são chamados algumas vezes de engenheiros siderais.

Sua atuação se fez presente na criação de nosso planeta e a cada um foi designado uma área da realidade cósmica universal.

Para cada um dos sete reinos sagrados existe um Orixá Regente, que não deve ser confundido com o Orixá Primordial, pois nem sempre o Orixá Regente é um Orixá Primordial.

São eles:

1)Reino do Fogo – regido por Ogum – a cor é vermelho

2)Reino da Terra – regido por Xangô – cor marrom

3)Reino do Ar – regido por Iansã – cor amarela

4)Reino da água – regido por Iemanjá – cor azul claro

5)Reino das Matas – regido por Oxossi – cor verde

6)Reino da Humanidade – regido por Oxalá – cor branco

7)Reino das Almas – regido por Omulu – cor preta

É possível relacionar os sete reinos sagrados com as sete linhas da Umbanda através dos sete orixás regentes:

1)Primeira linha – Linha de Ogum – regente é Ogum

2)Segunda linha – linha de Xangô – regente é Xangô

3)Terceira linha – linha de Iansã – regente Iansã

4)Quarta linha – linha de Iemanjá – regente Iemanjá

5)Quinta linha – linha de Oxossi – regente Oxossi

6)Sexta linha – linha de Oxalá – regente Oxalá

7)Sétima linha – linha das almas ou de Omulu – regente Omulu

É interessante observar que as sete linhas relacionadas acima foram apresentadas pela primeira vez em 1933 por Leal de Souza no primeiro livro a falar sobre a Umbanda, o nome deste livro é O Espiritismo, a magia e as sete linhas da umbanda de Leal de Souza, recentemente lançado pela editora do conhecimento.

Nesta ocasião ninguém falava em sete reinos sagrados, pois é um conceito novo apresentado pela primeira vez, na forma escrita, no livro Umbanda os Sete Reinos Sagrados de Manoel Lopes.

Também em 1941 no Primeiro Congresso Brasileiro de Umbanda, estas sete linhas foram oficialmente aceitas como as sete linhas da umbanda, o livro resultante deste primeiro congresso encontra-se disponível para download no site do Núcleo Mata Verde.

Embora não exista nenhuma ligação direta entre a doutrina apresentada peloCaboclo Mata Verde e a Umbanda da época de Leal de Souza, é importante chamarmos a atenção para esta grande “coincidência” existente entre as sete linhas apresentada pelo Caboclo Mata Verde e que tem seus princípios na formação do planeta Terra e as sete linhas apresentadas por Leal de Souza em 1933 e que tinham como fonte a observação empírica dos trabalhos espirituais realizados na Tenda Nossa Senhora da Piedade o berço da Umbanda.
Será somente coincidência?

Abraços,
São Vicente, 30/06/2012
Manoel Lopes

07 agosto 2012

O Igbá - Assentamento de Orixá

A palavra Igbá quer dizer cabaça, e hoje, dentro do nosso culto também chamado de assentamento, lugar onde é guardado o orò (segredo) do nosso Orixá, e tem toda uma simbologia para o povo de santo, para entendermos essa associação entre cabaça e assentamento, devemos lembrar que na África as cabaças são usadas para assentar o Orixá, e por conta das adaptações, acabamos por utilizar utensílios de louça e barro, por sua durabilidade.
E vamos ver algumas questões que o envolve:

O Igbá é meu ou do Orixá?
O assentamento é a sua ligação com o Orixá, ele guarda as coisas do seu fundamento, do seu axé, ou seja, é dos dois, mas a responsabilidade de zelar e cuidar é inteiramente sua, assim como trocar a água da sua quartinha, e arriar comidas secas, a aliança com seu santo, não se faz apenas de fazer o santo, mas de sua atenção e cuidado com ele e as coisas que são consagradas.

Se eu sair da casa, meu igbá é devolvido?
Cada casa tem seu costume, no Egbé L’ajô tomamos a seguinte postura, e o yawò é avisado antes de fazer santo, e dentro de um ano ele não aparecer ou justificar a ausência, desmontamos o igbá, e os oros do orixá (segredos), são guardados dentro do assentamento do Orixá da casa, e a louça é embrulhada e devidamente resguardada. Antes disso o filho de santo é alertado três vezes. Acho que na vida tudo é questão de bom senso, por ambos, Pai, que tem a responsabilidade de zelar pelo Orixá e o filho, que se comprometeu com o axé e com seu Orixá.

Quanto igbás nós temos?
Existem três tipos de Igbá, o Igbá Orixá, Igbá Ory e o Igbá Odú.
O Igbá Ory: É onde a “sua cabeça” come, não são todos os axés que o montam, como assentamento fixo.
O Igbá Orixá: É onde somos iniciados, nossa ligação, e Ifá determina se será um dois ou mais Orixás assentados.
O Igbá Odú: Dentro da nação ketu, atualmente, muitas casas tem o igbá odú assentado, seja Obará, Oxê ou outros, essa é uma tradição do culto a Ifá, e deve-se tomar cuidado ao assentar essas energias, pois são forças do destino e os fundamentos diferem do culto a Orixá.

Em caso de morte, o que fazem o igbá?
Isso é determinado por Ifá, durante os ritos do axexê, já ouvi pessoas dizer que não se pode ficar com igbá de quem já morreu em casa, para mim isso é um grande mito, pois se o culto ao Orixá é ancestral, porque temos que despachar, se o Orixá continuará sendo cultuado? Eu acredito que essa escolha é do Orixá, se quer ou não continuar na casa.
Para concluir essa matéria, gostaria de fazer um adendo:

Hoje a frase que mais ouvimos é os yawòs quando saem da casa de santo dizer desrespeitosamente: “O santo tá na minha cabeça, e não em pratos...”, concordo, mas se o igbá não é importante, porque o faríamos? Esse é um assunto que não é muito discutido, pois os antigos nem falavam sobre isso, você nascia e morria na mesma casa de axé. Hoje tudo é muito rápido, faz santo e em menos de um ano já saem da casa, sem ao menos compreender o que é Orixá, ou então, não conseguem ter uma postura que condiz com o axé, por isso eu digo, antes de iniciar, ou mudar de axé, tenha uma conversa franca com seu zelador, deixe essas questões claras, para que posteriormente não ocorra nenhum problema.

Um grande abraço e até a próxima!

06 agosto 2012

SACERDOTES DO CANDOMBLÉ - O MATRIARCADO

Postar esse tema, é uma proposta que faço, aos amigos e irmãos, à resgatar a cultura e a história do candomblé. Mais que isso, proponho também, um estudo de nossos valores espirituais, que, no meu ponto-de-vista, anda um tanto perdido. Nessa matéria, vocês poderão perceber nitidamente que o candomblé é sim, "uma religião de escolhidos". 
Outro ponto que me chamou a atenção neste texto, é que mais que religião, o candomblé sempre foi e, sempre será, uma forma de cultuar, resgatar e reestruturar nossas origens. Independente de nação, ou região, esse maravilhoso texto nos convida a "querer mais", a ir além; por isso postei justamente após a matéria CULTO A EGUM GUM, que fala exatamente do culto aos ancestrais. 

Portanto, espero que todos os leitores, amigos e irmãos, façam uma reflexão profunda desses valores e dessas histórias, que cada AXÉ, cada ILÊ, cada ABASSÁ e cada GUEREBETAN possui, guardados nas memórias vivas, que são nossos BABALORIXÁS, YALORIXÁS efim, nossos mais velhos... 

Att, 

Marcelinhu D'Xangô 

Iyalorixás – As Matriarcas do Candomblé


                                                                          MÃE ANINHA 

Mesmo antes de chegar ao Brasil como escravas, elas já conheciam a violência da guerra entre povos africanos vizinhos, que vendiam aos traficantes portugueses os prisioneiros vencidos. Mas elas nunca conheceram o medo. Na África, as mulheres yorubás participavam do conselho dos ministros, tinham organizações próprias e chegaram a liderar um intenso comércio que incluía rotas internacionais. Foi por isso que, na Bahia do início do século XIX, elas conseguiram o que parecia impossível: deram à luz uma organização religiosa que conciliava tradições de diferentes povos, resistindo à miséria da escravidão e à perseguição policial. No candomblé, com diplomacia, inteligência e fé, elas reuniram todos os elementos necessários para garantir ânimo e auto-estima ao seu povo. O título que receberam expressa bem o misto de liderança religiosa, chefia política e poder terapêutico que exercem: mães-de-santo. 

Contam os antropólogos, como o professor e ogan suspenso do terreiro da Casa Branca Ordep Serra, que não há registros da existência efetiva do matriarcado em nenhuma sociedade. Ainda que tudo não passe de uma lenda criada por sonhadores, experiências como a do candomblé baiano deixam entrever como seria o mundo governado por mulheres. A liderança feminina nessa tradição religiosa, explica Maria Stella de Azevedo, a Mãe Stella de Oxóssi do Ilê Axé Opô Afonjá, vem de um simples fato: as pioneiras do candomblé, princesas africanas que vieram para a Bahia em fins do século XVIII, criaram o princípio de que as suas casas religiosas só poderiam ser lideradas por mulheres. Uma tradição mantida até hoje nos terreiros mais antigos, como a Casa Branca, o Alaketu, o Gantois, o Afonjá e o Cobre. 

                                                            MÃE SENHORA JOVEM 

No final do século XVIII, os povos nagôs-yorubás, do grupo lingüístico sudanês, começam a chegar em massa na Bahia. O povo que iria criar aqui a religião que conhecemos hoje como candomblé, incluindo heranças jejes, angolas, mas principalmente o legado dos reinos que compunham o que se chama de Império de Oyó ou país yorubá: os ijexá, que cultuavam o rio Oxum; os ketu, terra de Oxossi; os aon efan - dos orixás do branco, como Oxalá; os oyós - de Xangô e Iansã e representantes de outros reinos. Segundo Renato da Silveira, o Império de Oyó, que começou a nascer antes do ano mil e teve como primeira cidade Ifé, deve ter chegado a ter oito milhões de habitantes. Suas maiores cidades, entre sete e dez, tinham cerca de 40 a 50 mil habitantes, “o mesmo que cidades européias desse período”, compara. 

Mas o grande império, que tinha conquistado e subjugado vários povos, um dia começou a ruir: era a guerra civil. “Até 1820 e 1830 eram os yorubás que vendiam escravos haussás, tapás, baribas: os povos do norte. Depois, a situação se inverte e os comerciantes muçulmanos é que começam a vender os yorubás. Os senhores de Ibadan e Abeokutá, comprometidos com o tráfico, começam a atacar os vizinhos e os daomeanos também se aproveitam. Com a desagregação do Império de Oyó, criam-se bandos armados que atacam indiscriminadamente e começam a vender escravos”, conta o antropólogo. Começam a chegar à Bahia, então, cidadãos yorubás de todos os tipos, inclusive membros de famílias reais, sacerdotes e sacerdotisas. Entre 1830 e 1835 acontece a queda definitiva da capital: Oyó é invadida e saqueada pelos muçulmanos do norte. No mesmo período, na Bahia, tendo à frente uma Iyá Nassô - sacerdotisa de Xangô na corte de Oyó - funda-se o candomblé da Barroquinha. Do outro lado do Atlântico, renasce a tradição. 

                                                IGREJA DA BARROQUINHA 

A pantanosa Barroquinha era um bairro de negros, onde a igreja - atualmente em ruínas - desempenhou um papel estratégico, de apoio e disfarce para a fundação do candomblé. Desde 1764, tinha se instalado lá uma associação de escravos libertos, a Irmandade de Bom Jesus dos Martírios, que anos mais tarde iria arrendar o terreno nos fundos, onde funcionou o candomblé. Os dados sobre esse período não são exatos, os pesquisadores precisam cruzar tradições orais mantidas nos terreiros com documentos de polícia e relatos da época. Como diz o professor Ordep Serra, as variações sobre a história do candomblé são normais, “como as várias versões do Evangelho”. Seguiremos aqui a proposta cronológica de Renato da Silveira, que em breve estará num livro produzido pelo Terreiro da Casa Branca. 

Primeiro, por volta de 1790, teria sido fundado por membros da família Arô - uma das cinco famílias reais do reino de Ketu - o culto a Odé (um tipo de Oxossi). Datam dessa época os ataques a Ketu e a chegada na Bahia das princesas gêmeas da família Arô, capturadas e vendidas por daomeanos com apenas nove anos de idade. O culto funcionava numa residência na Rua da Lama, atrás da Igreja da Barroquinha, onde hoje fica a Rua Visconde de Itaparica, tendo à frente a africana Iyá Adetá. Depois dela veio a africana Iyá Akalá, introduzindo o culto a Airá - um tipo de Xangô que se veste todo de branco (alá significa pano branco, lembra Silveira). Possivelmente nessa época se deu a saída dos Arô, que foram para o Luis Anselmo e fundaram o candomblé do Alaketu, conduzido nas últimas décadas pela yalorixá Olga do Alaketu. Os resquícios desses primeiros tempos ainda estão vivos: no Terreiro da Casa Branca, a festa de Xangô é chamada pelos filhos-de-santo de “Festa de Airá” e, também nesse terreiro e herdeiros de sua tradição, a saudação a Oxóssi ainda relembra os pioneiros: “Okê Odé, okê Arô”, conta o pesquisador. 

A terceira grande sacerdotisa do candomblé da Barroquinha foi uma Iyá Nassô que, acreditam as pessoas dos terreiros, antropólogos e historiadores, não veio para a Bahia como escrava, mas sim intencionalmente, para reestruturar o culto a Xangô e tentar reorganizar o seu povo nesse momento de desagregação total dos yorubás. Ela estava acompanhada de outras pessoas do alto escalão de Oyó, como alguns Essas - um título no conselho de ministro do reino de Ketu - Babá Axipá e Rodolpho Martins de Andrade, também conhecido como Bamboxê Obitikô, entre outros. Há quem diga que a mãe de Iyá Nassô já tinha sido escrava na Bahia, conseguiu a alforria e retornou para a África e que, como muitas outras mães-de-santo baianas, Iyá Nassô era comerciante e morava no centro histórico. 

Em meados do século XIX, a prosperidade do candomblé e da Irmandade de Bom Jesus dos Martírios foi interrompida por mudanças externas. Quando Francisco Gonçalves Martins assume como presidente da província, “de 1848 a 1852, um governador de extrema direita, antiafricano feroz”, segundo Silveira, inicia-se a urbanização da Barroquinha e o terreiro é expulso de lá. 

Na época da saída da Barroquinha e da sucessão de Iyá Nassô, houve instabilidade, várias mudanças de endereço, mas o Ilê Axé Iyá Nassô Oká conseguiu encontrar o local adequado para plantar os seus axés e fundar uma nova sede. O lugar escolhido foi o antigo Caminho do Rio Vermelho de Baixo, atual Avenida Vasco da Gama, onde até hoje funciona o Terreiro da Casa Branca. 

Um documento que já comprova a localização neste novo endereço, infelizmente, é um registro de polícia, dando conta da prisão de várias pessoas num candomblé no Engenho Velho, em 1855. Quem sucedeu Iyá Nassô foi Marcelina Obatossi, que faleceu em 1885, sendo substituída por Maria Júlia Figueiredo. Em que período exatamente começam a ser fundadas outras casas, por dissidências da primeira, e se foi Iyá Nassô ou Obatossi quem realizou a mudança de endereço, é difícil precisar com exatidão, mas certamente foi ainda no século XIX que tudo aconteceu. 

A essa altura, entretanto, ninguém mais podia deter essas mulheres. Elas já tinham feito o principal: criado uma religião que era um poderoso acordo diplomático entre povos distintos. No xirê - a roda dos orixás - inventado na Barroquinha, dançam juntos a Oxum e o Logunedé dos ijexá, o Xangô e a Iansã dos oyós, o Oxóssi dos ketus, o Oxalá, Oxalufã e Oxaguiã dos aon efan. 

Nas indumentárias e vocabulários, aparecem heranças jejes e angolas. Mas, ao contrário do que temia o Conde dos Arcos, quando os africanos esqueceram os velhos ódios étnicos que os separaram no passado, não se abateu um grande perigo sobre a Bahia. Na verdade, começou aí uma luta longa e pacífica pela tolerância religiosa, pelo convívio harmônico, que levou uma mãe-de-santo baiana a conversar com o presidente da República, pedindo respeito às crenças do seu povo. A liberdade de culto chegou definitivamente à Bahia muito tempo depois, através de um decreto governamental assinado em 17 de janeiro de 1976. Somente a partir daí, os terreiros não precisaram mais do registro, pagamento de taxa e licença da polícia para exercer suas atividades. 

                                               CASA BRANCA DO ENGENHO VELHO 


MATRIARCADO 

Em todas as famílias, quando os filhos crescem e já são fortes o bastante, é natural que saiam de casa e trilhem seu próprio caminho. No candomblé não é diferente. Foi o que aconteceu com Maria Júlia da Conceição Nazaré quando ela sentiu que podia criar a sua própria casa religiosa, fundada num terreno dentro da propriedade de um francês chamado Gantois. Alguns acreditam que essa saída se deu na época da sucessão de Iyá Nassô, mas as tradições orais apontam mais para o afastamento no período da sucessão de Obatossi, quando foi escolhida Maria Júlia Figueiredo para ser a nova mãe-de-santo da Casa Branca. Começa aí a frutífera e numerosa descendência desse terreiro. 

“De um modo ou de outro todos os candomblés saíram da Casa Branca”, afirma o antropólogo Ordep Serra. Como “grande mãe” dos candomblés baianos, essa casa religiosa cultiva com muito rigor suas tradições, mantendo, por exemplo, o princípio de não iniciar filhos-de-santo do sexo masculino até hoje. Depois de Marcelina Obatossi e Maria Júlia Figueiredo, estiveram à frente da casa Ursulina Maria de Figueiredo (Mãe Sussu), Maximiana Maria da Conceição (Tia Massi), Deolinda dos Santos (Oké), Marieta e agora a sua filha, Altamira Cecília dos Santos (Mãe Tatá). 

                                                                   TIA MASSI 

Na sua época, Maria Júlia Figueiredo chegou a ser uma mulher de grande influência, principalmente entre a população negra da cidade. Esse poder fica nítido pelos títulos que ela possuía, resgatando organizações africanas onde as mulheres exerciam papéis importantes. Maria Júlia era uma Erulu, cargo máximo das mulheres na Sociedade Ogboni, que segundo Renato da Silveira funcionava como um poder moderador da sociedade civil yorubá. Maria Júlia era também uma iyalodé, o cargo máximo de uma mulher numa importante associação feminina que existiu nos reinos de Ibadan e Abeokutá. Mas isso não é tudo, ela também era a provedora-mor da Devoção da Nossa Senhora da Boa Morte, fundada na Irmandade dos Martírios, e a yalaxé da Gueledé, um culto feminino às grandes mães do qual ainda se encontram resquícios nos terreiros mais antigos. 

Conseguir falar com uma yalorixá da Casa Branca é uma tarefa árdua. Discretas ou desconfiadas? Não é possível saber, mas, certamente, como pioneiros que foram, os membros dessa casa conheceram muitos períodos difíceis e enfrentaram perseguições, o que pode explicar a opção pelo silêncio. Quem olha para o terreiro hoje em dia, num lugar acessível, terá dificuldades para entender o que essas mulheres enfrentaram para manter a sua roça. 

Por volta de 1938, quando esteve no Brasil, a antropóloga Ruth Landes foi levada até lá pelo etnógrafo Edison Carneiro, para uma festa de Oxalá. Em seu livro “A Cidade das Mulheres” ela narra o que viu: “O lugar ainda parecia uma mata e, quando o bonde parou ao pé do alto morro onde ficava o templo, pude apenas ver árvores imensas que se elevavam contra o céu claro”. 

Uma das histórias mais impressionantes sobre a violência contra os candomblés baianos é a da mãe-de-santo Nicácia, presa pelo Conde da Ponte, apesar de prestígio que possuía, de já ser uma senhora e do defeito físico na perna. No trajeto do Cabula até a prisão, onde hoje é a Câmara Municipal, ela foi acompanhada por uma multidão. Nessa época, ter prestígio entre alguns brancos podia ser motivo suficiente para a perseguição. 

“Ela é muito discreta, fala pouquíssimo e é de uma sutileza e inteligência incomuns”, conta Ordep Serra, sobre a atual yalorixá da Casa Branca - Mãe Tatá - e exemplifica: “Você pode entrar e sair de uma festa sem perceber que ela é a mãe-de-santo. Ela é simples e tranqüila”.  

A segunda mulher mais importante num terreiro é a mãe pequena e muitas delas tornaram-se depois mães-de-santo. Em seu livro, Ruth Landes deixou um retrato vívido de uma das mães pequenas da Casa Branca, Mãe Luzia: uma mulher enorme, vigorosa e confiante, que conseguiu estabilidade financeira vendendo carnes no mercado, além de adornos e objetos do culto. Quando Landes a conheceu, Luzia tinha recentemente se tornado viúva, depois de um período longo de vida a dois. Filhos, ela só teve os de santo, o que já significava muito trabalho, como lhe contou Edison Carneiro: “Juntamente com a mãe, ela toma todas as decisões de importância para o templo. Além disso, ouve as lamúrias de inúmeros clientes e resolve os seus casos. Eles lhe pagam pelo serviço, mas ela destina boa parte do dinheiro para a manutenção do templo”, registrou Landes. 

Pessoas de todas as casas sempre se referem com muito respeito à Casa Branca, inclusive porque foi ali que muitos se iniciaram. Em 1982, veio o reconhecimento - tardio, mas importante - com o tombamento da Casa Branca como patrimônio da humanidade. No dia da inauguração da Praça de Oxum, representantes de outros terreiros fizeram questão de comparecer e prestar as suas homenagens ao Ilê Axé Iyá Nassô Oká, também conhecido como Sociedade Beneficente e Recreativa São Jorge. 

Mãe Menininha. 

O terreiro do Gantois dispensa apresentações. Ele está entre as “grandes casas, as casas importantíssimas”, como diz o ensaísta Waldeloir Rego, que se define como um estudioso de assuntos antropológicos. Ele acrescenta ainda: “Essas casas não são grandes e importantes porque são do tamanho de um supermercado, mas porque tiveram uma linhagem importante de descendentes”. Desde as pioneiras, Maria Júlia da Conceição Nazaré e depois sua filha, Pulchéria da Conceição Nazaré, o Gantois sempre desfrutou de muito prestígio. Duas marcas dessa casa, especialmente desenvolvidas por Maria Escolástica da Conceição Nazaré ou Mãe Menininha - sobrinha e substituta de Pulchéria - são a diplomacia e beleza dos seus rituais, além da seriedade e conhecimento litúrgico, o que sempre lhe garantiu uma multidão de filhos-de-santo, parceiros e admiradores. 

                                                                      GANTOIS 

A família de Maria Júlia da Conceição Nazaré, ou Omoniquê, veio de Abeokutá. Seu pai, Okarindé, era uma espécie de secretário do rei. Quando Conceição decidiu fundar a sua própria casa, saindo do Ilê Iyá Nassô Oká, manteve a restrição a que os homens ocupassem cargo de chefia e acrescentou o critério do parentesco na sucessão. Sobre Pulchéria, filha de Oxóssi, conta-se que teve um desempenho tão marcante, que corruptelas de Gantois - canzuá e ganzuá - se tornaram sinônimo de candomblé. No tempo de Pulchéria, um dos freqüentadores da casa era o médico Nina Rodrigues, pioneiro nos estudos sobre a cultura negra no Brasil. Mãe Menininha também conquistou muito respeito, tanto entre o povo, quanto entre figuras ilustres. Era procurada e admirada por pessoas como os médicos João Mendonça e Hosannah de Oliveira, artistas famosos, como Caetano Veloso e Maria Bethania, além de políticos e intelectuais. 

                                                MARIA JULIA CONCEIÇÃO NAZARÉ 
Mãe Menininha do Gantois 

Mãe Menininha ainda não tinha um ano de idade quando foi iniciada e também assumiu cedo a chefia da casa, com apenas 28 anos. Quem a conheceu, garante que conhecimento, bondade, feminilidade e rigor reuniam-se nessa mulher com o mesmo equilíbrio. Ela gostava de definir o Gantois como uma casa de caridade e, de fato, a busca de auxílio e orientação sempre foram motivos que levaram muitas pessoas até lá. Mas outros atributos também contribuíram para a fama do Gantois e de Mãe Menininha. “Ela sempre foi amiga de todo mundo. Educadíssima, tratava todo mundo bem. Parecia até que tinha passado por uma escola pra aprender isso, mas ela nasceu assim. Era uma pessoa diplomática. Por exemplo, se ela estava fazendo o jogo pra você e saía alguma coisa que você não ia gostar de ouvir, ela se via doida. Fazia uma volta danada, pra dizer só mais ou menos, só sugerir a coisa que você não ia gostar”, conta Waldeloir Rego, também conhecido como “pai dos colares”, pelas jóias e colares de iniciação que já fez. 

                                                               MÃE MENININHA 

                                                MÃE MENININHA (JOVEM) 

Mãe Aninha 

SUPERANDO A SI MESMO - Ninguém entra para a religião dos orixás pensando em ser mãe-de-santo, pelo menos as pessoas sensatas, explica Mãe Stella. “Porque aí não é algo espiritual, passa a ser uma coisa de superação. 

No candomblé, a gente não tem que superar o outro, tem que superar a si próprio”, defende ela. E foi o que aconteceu com as líderes de duas das mais importantes e antigas casas da Bahia - o Afonjá e o Cobre - num cotidiano de trabalho, esforço e dedicação contínua ao sacerdócio, porque os ritos tradicionais que se praticam nessas casas são exigentes e, por isso mesmo, fortalecem e educam aqueles que os praticam. 

No caso do Cobre, que chegou a permanecer fechado por alguns anos, a retomada do funcionamento da casa foi uma convocação espiritual. Quem mais lucra com o trabalho do Afonjá e do Cobre é a própria cidade, que encontra nesses lugares fontes de conhecimento e proteção. 

Eugênia Anna dos Santos fez uma opção ousada: comprou um terreno para a sua roça num lugar distante e ermo, o Alto do São Gonçalo do Retiro. Para chegar lá, era preciso subir uma ladeira íngreme que o mato praticamente dominava. Mas, em 1910, todos estavam contentes. Depois de passar por vários endereços, o grupo estava finalmente na sua casa definitiva: o Ilê Axé Opô Afonjá. A fundadora do Afonjá, mais conhecida como Mãe Aninha ou Obá Biyi, sabia o que estava fazendo. 

Filha de um casal de africanos grunci ela foi iniciada pelos nagôs da Casa Branca. Desde quando deixou o antigo terreiro, Aninha sempre buscou congregar boas colaborações e estabelecer parcerias, inclusive, com muitos homens, como o lendário Miguel Sant’Anna, Martiniano Eliseu do Bonfim - que morou muitos anos na Nigéria e a auxiliou a resgatar aqui os 12 Obás de Xangô, os ministros do rei -, ou os intelectuais Donald Pierson, Jorge Amado e Edison Carneiro - que ela escondeu da ditadura de Vargas. 

O mesmo Getúlio Vargas com quem Aninha conversou quando esteve na antiga capital federal, Rio de Janeiro, em busca de apoio para a sua religião. Como deputado, o seu amigo Jorge Amado conseguiu aprovar uma lei que estabelecia a liberdade de culto no país, que só foi se tornar efetiva na Bahia somente muitos anos depois. No governo de Roberto Santos, em 17 de janeiro de 1976, foi assinado um novo decreto eliminando a necessidade de registro, pagamento de taxa e licença da polícia para o funcionamento dos terreiros. 

                                                                  MÃE ANINHA 

Nessa época, em que o risco de ter a sua casa religiosa invadida pela polícia estava sempre presente, conseguir simpatizantes e boas amizades era uma necessidade. Os contatos com a Igreja Católica também eram freqüentes, como explica Mãe Stella: “Mãe Aninha se integrou na Igreja Católica para ter status, porque quem mandava era o branco e essa era a religião do branco”. Foi na sua época também que se criou a Sociedade Civil Cruz Santa Opô Afonjá. Até os meios acadêmicos se curvaram à sabedoria e força dessa mulher, dona de uma quitanda. Em 1936, ela participou do II Congresso Afro-Brasileiro com uma comunicação sobre alimentação litúrgica. Com a morte de Mãe Aninha, assumiu Mãe Bada, de 1939 a 1941 e, então, chegou a vez de Mãe Senhora, a poderosa filha de Oxum e bisneta de Marcelina Obatossi, que seguiu à frente do Afonjá de 1942 a 1967. 

Vigorosa e de personalidade forte, ao lado de Menininha do Gantois, Senhora foi uma das mães-de-santo baianas que mais homenagens recebeu em vida e que mais longe levou a sua tradição religiosa. Em 1965, ela foi ao Rio de Janeiro receber o título de Mãe Preta do Ano, no Maracanã. Em Madureira, existe um busto em sua homenagem. Com a ajuda do fotógrafo e antropólogo Pierre Verger, ela restabeleceu importantes contatos com a África, mantidos por seu filho, Mestre Didi. De lá, recebeu o título de Iya Nassô. 

                                                            MÃE SENHORA 

Como todos os antigos, Mãe Senhora brigava feio quando as regras litúrgicas não eram respeitadas, mas logo fazia um carinho no faltoso assustado, como conta Waldeloir Rego, iniciado por ela em 1964. Waldeloir lembra de um episódio com Mãe Senhora que define bem o poder que lhe era atribuído e a seriedade com que ela o exercia: “Quando ela estava no Rio, chegou uma senhora de família tradicional para vê-la, dizendo: ‘’Oh, minha mãe, eu quero me ver livre do meu marido, mate ele’. Aí, ela disse pra moça: ‘Minha filha, eu não posso fazer isso, porque eu só vim ao mundo pra aconselhar e pra botar a mão’, que é iniciar os filhos de santo”. 

                                                                MÃE ONDINA 

Poucos dias antes de morrer, em janeiro de 1938, Mãe Aninha conheceu uma garotinha desconfiada que, nenhuma das duas podia imaginar, se tornaria anos mais tarde yalorixá do Afonjá: Stella Azevedo. Depois de Mãe Senhora, veio Mãe Ondina, que cuidou do axé do São Gonçalo até 1975, quando então assumiu Stella de Oxossi. Se nesses anos todos a roça de Obá Biyi sempre prosperou, sob o comando de Mãe Stella as coisas seguiram com uma rapidez ainda maior. A enfermeira que estudou em boas escolas, aprendeu francês e piano, foi funcionária pública e dona de uma loja de artesanato, transformou o Afonjá, definitivamente, numa universidade da cultura afro-baiana. Os filhos-de-santo e amigos da casa criaram o Museu Ilé Olun Lailai, uma biblioteca, oficinas, grupos de estudo, eventos culturais e a menina dos olhos de Mãe Stella: a escolinha que atende a cerca de 300 crianças. Novas casas para os orixás foram construídas, as antigas foram reformadas e os contatos com o mundo acadêmico se intensificaram: Mãe Stella é convidada para fazer conferências em universidades inglesas e americanas, representou o candomblé no ECO-92, promovido pela ONU e escreveu livros. 

                                              MÃE STELLA DE OXOSSI (JOVEM) 

Valnísia de Airá nunca tinha imaginado assumir um cargo como o de mãe-de-santo: “Eu nem imaginava, não sabia, nunca ninguém tinha me dito nada que me deixasse perceber”. Na verdade, o Ilê Obá do Cobre, terreiro fundado no Engenho Velho da Federação por sua bisavó, Sinha Flaviana, já nem funcionava plenamente e Mãe Val tinha sido iniciada na Casa Branca, aos 16 anos: “Esse terreiro veio da Barroquinha há mais de um século, aqui pro Engenho Velho, segundo minha tia Edite, neta de Sinha Flaviana”, conta ela, revelando que o Cobre, assim como o Afonjá e o Gantois, é também descendente direto do primeiro terreiro baiano. Depois de Sinha Flaviana, quem ficou à frente do Cobre foi Maria Eugênia, avó de Mãe Val, que era iniciada, mas não “feita de santo”: “Ela continuou tomando conta dos orixás e preservou a casa”, explica ela. 

Com a morte de Maria Eugênia, o terreiro ficou cada vez mais abandonado. “Quando cheguei aqui, encontrei a casa no chão”, relembra Mãe Val. Ela explica que não se arrepende de ter seguido este caminho, apesar de não ter sido uma escolha, “mas existia uma força maior, a do orixá abandonado, esperando alguém da família pra levantar o axé”. Esta cobrança, Valnísia e sua família estavam sentindo na pele: “Minha mãe foi desenganada pelo médicos, a família toda estava com problemas, muito desemprego. Cada dia que passava, as coisas piorando. Aí eu vinha aqui, sozinha, afastava as teias de aranha, acendia uma vela e pedia a Xangô pra ter paciência. Eu só tinha vinte e poucos anos, não podia assumir. Mas um dia eu fiz uma promessa, que se minha mãe ficasse boa, eu vinha tomar conta dele. Não disse que ia ser mãe-de-santo, disse que ia zelar por ele. Só que em uma semana minha mãe ficou boa e está aí até hoje. Então reunimos a família toda pra dar comida a Xangô. Foi muito difícil, mas todos ajudaram, muitas pessoas da Casa Branca, Dona Tatá. Depois desse amalá, tudo melhorou, as coisas começaram a caminhar. Isso há uns 15 anos atrás”. A necessidade de cercar o local, que estava servindo como passagem para marginais e a necessidade de ocupá-lo, fizeram o resto e o Ilê Obá do Cobre cresce a cada dia. 

Além do trabalho religioso, que tem tornado Mãe Val cada vez mais conhecida, outra marca do seu trabalho é a atuação social. No começo, eram sessões educativas, apresentações de filmes, discussões sobre AIDS. De quatro anos para cá, com as parcerias com a Fundação Palmares e a Capacitação Solidária, o trabalho se intensificou. Como o espaço é pequeno, qualquer lugar serve para as aulas dos cursos profissionalizantes para adolescentes, informática, telessala, alfabetização de crianças e de adultos, percussão, teatro: na sala, no barracão, ao ar livre, em frente à casa dos orixás. 

                                                     ILÊ AXÉ OPÔ AFONJÁ 

Assim como a Casa Branca, o Gantois, o Afonjá e o Cobre, existem centenas de outras grandes e pequenas casas religiosas em todo o Brasil que mantém a tradição religiosa africana e, ao mesmo tempo, garantem amparo para um enorme contingente de pessoas de todas as classes e raças. Terreiros como o Alaketu, o Bogum, de tradição jeje, no Engenho Velho da Federação, por onde passaram grandes yalorixás como Emiliana e Valentina Maria dos Anjos, a Mãe Ruinhó. A praça no fim de linha do bairro tem hoje o seu nome e um busto em sua homenagem. Mulheres como Mirinha do Portão, Mãe Elza de Oxum e tantas outras. Há também os terreiros criados por homens, mas que em alguns períodos foram liderados por mulheres, como Simpliciana de Ogum, no Ilê Axé Oxumarê, que se recusou a receber dinheiro para preparar um banquete especialmente para o presidente Getúlio Vargas, curioso sobre a comida baiana. Homens e mulheres que, como dizia Edison Carneiro, governam pela influência de sua força moral. Se, infelizmente, não é possível contar a história de todos eles, que pelo menos fique registrado que cada uma dessas casas participa, ao seu modo, de uma das mais significativas e inspiradoras organizações que os negros e mestiços já conseguiram criar no Brasil: o candomblé. 

Fonte: Pesquisa Tiago Pais 
por Agnes Mariano 

05 agosto 2012

POMBA GIRA MARIA FARRAPO?


Texto de Claudia Baibich

"ESCLARECENDO A MARAVILHOSA E POUCO COMPREENDIDA MARIA FARRAPO"

As Farrapos trabalham junto com as Mulambos e fazem parte da mesma hierarquia, ou seja: falange Maria Mulambo.
É comum vermos Maria Farrapo apresentando-se à incorporação nos pontos de Maria Mulambo.

Isso ocorre com frequência e pelos seguintes motivos:
- Pertencem a mesma falange
- poucos Terreiros cantam pontos de Maria Farrapo
- Maria Farrapo trabalha mais no Astral que incorporada
- Muitas vezes, incorpora apenas para descarregar o médium
Uma característica marcante das Farrapos é a ironia e a irreverência. Diretas e objetivas, costumam ir direto ao "ponto", o que pode surpreender médiuns e consulentes.

Ao contrário do que alguns imaginam, são Pombas Giras sérias, competentes, determinadas e fiéis.
São as Guardiãs da falange Maria Mulambo responsáveis pelas cobranças cármicas e retorno de demandas, excelentes e precisas em suas execuções.

A compreensão do médium é muito importante para a manifestação da entidade.
É preciso entender que a energia de Maria Farrapo é intensa e que ela trabalha situações que envolvem a necessidade de uma roupagem fluídica tipo "Flagelos de Deus".
Promovem encontros cármicos, estimulam circunstâncias de "provas", favorecen todos os "ajustes" necessários ao aprendizado e crescimento.

Quando uma Mulambo recebe um pedido, sempre terá uma Farrapo trabalhando junto.

Esse turbilhão energético dificulta o entendimento do médium de quem seja, ou como seja a apresentação de uma Maria Farrapo. Daí muitos médiuns comportarem-se como se a entidade estivesse bêbada, ríspida ou desajeitada.

Não é nada fácil trabalhar com uma Farrapo, mas com certeza é uma missão que exige um grande autoconhecimento por parte do médium e um treino afinado de sintonia com sua Guardiã.
Conhecê-la é fundamental, saber como a entidade conduz as situações, seu temperamento, modo de agir e pensar.
Após o conhecimento e sintonia, é muito gratificante ser médium de uma Maria Farrapo. Uma amiga fiel e para todas as horas.

Elas trabalham em todos os campos de atuação de Mulambos: Encruzilhada, Estrada, Cemitério entre outros.

Se pertencem a mesma falange, não deveriam usar o mesmo nome?

Como citei acima,

"AS FARRAPOS SÃO O FLAGELO DA FALANGE MARIA MULAMBO, AS EXECUTORAS DAS COBRANÇAS"

PARA COPIAR, COLOQUE O LINK http://pombagiras.blogspot.com/
Claudia Baibich

SALVE GUARDIÃ MARIA FARRAPO!
SALVE A FALANGE MARIA MULAMBO! Postado por CLAUDIA BAIBICH

03 agosto 2012

É Verdade que uma Mulher pode se tornar Prostituta Influenciada pela Pomba Gira dela?


Não existe absurdo maior do que esta crença. "Coitada" da Pomba Gira, Ela não merece isto!

Em primeiro lugar nem toda Pomba Gira foi prostituta, e as que foram, já atingiram grau de evolução suficiente para estarem atuando como Pomba Giras, portanto com as funções de defesa e proteção, já tendo superado as mazelas de qualquer encarnação pouco louvável que tenham tido.

Em segundo lugar Pomba Gira tem mais o que fazer.

Em terceiro lugar arrumar desculpa para ser libertino é o que todo ser desviado deseja.

Em quarto lugar a Umbanda é Sagrada, e jamais, por questões lógicas, poderia ser conivente com um absurdo escatológico como este.

Em resumo, qualquer um que afirme um absurdo desses tem total desconhecimento do que seja esta linha de trabalho chamada Pomba Gira.

Não tem coisa mais incoerente e absurda do que uma mulher dizer que vai mentalizar com a Pomba Gira dela para fazer o homem dela ter uma noite inesquecível. Além de passar um atestado público de incompetência, essa criatura vai mentalizar na realidade com algum espírito tão dementado quanto ela, e nunca com uma Pomba Gira de Lei!

Fonte: Livro: Umbanda - Mitos e Realidade

02 agosto 2012

Sangue na Umbanda?



É muito comum encontrar em diversos sites relacionados matérias sobre o uso do sangue em terreiros de Umbanda.
O seu terreiro usa sangue para algum tipo de trabalho de Umbanda? Esperamos que não.
Já tivemos oportunidade de ver trabalhos em terreiros de Umbanda onde "aprendemos" os termos: "vamos deitar um bode", "vamos rasgar um galo" etc.
Gostaríamos de fazer saber a todos os nossos visitantes que NA UMBANDA NÃO SE USA SANGUEpara nenhum tipo de trabalho, nem espiritual, nem carnal, em nenhuma hipótese e sob nenhuma circunstância.
Se o terreiro onde você frequenta usa qualquer tipo de sangue para trabalhos espirituais saiba você que está errado.
Se o terreiro onde você freqüenta pratica qualquer tipo de imolação em qualquer animal, este terreiro deveria ser um açougue e jamais uma casa onde se louva a Deus.
Uma casa onde se louva a Deus jamais deveria atentar contra a criação divina, seja ela qual for!
ISTO É LEI !!!
E apesar disso, muita gente ainda anda usando e estimulando o seu uso em terreiros de Umbanda. Achamos um verdadeiro absurdo!!!
A Umbanda é a verdadeira ciência da magia, da manipulação energética, do conhecimento da alquimia. Os mentores espirituais que se dignam a vir aos trabalhos espirituais nos terreiros de Umbanda são, na verdade, alquimistas por excelência, ou seja, têm o conhecimento e a capacidade de transformar diversos elementos disponíveis em elementos necessários ao trabalho em questão. Para tanto, não se faz necessário o uso do sangue e nem qualquer sacrifício de um ser vivo para qualquer tipo de trabalho.
Um grande amigo nos disse (com muita propriedade): "Quem sabe manipular energia não precisa de sangue. Valem-se do sangue em trabalhos somente as pessoas e/ou entidades que não conhecem nada de manipulação energética ou de alquimia e, infelizmente, na sua grande maioria, não sabem o que estão fazendo. Note, caro amigo, que até um copo de água, quando bem trabalhado e energizado, terá o mesmo efeito que a mesma medida de sangue."
O que temos acompanhado "por aí" é que muitos praticantes da Umbanda têm misturado muitas coisas desta religião com o Candomblé, praticando então o que chamamos de umbandomblé, o que consideramos uma verdadeira aberração.
O Candomblé, assim como a Umbanda, são religiões criadas pelo astral, pela ordem divina. Esta umbandomblé é algo criado pelos homens de pouca capacidade de aprendizagem e desenvolvimento e nada tem a ver com o divino.
Vale-se esclarecer também o seguinte:
Quando se faz trabalho com uso de sangue, normalmente quem o faz direciona-o ou pedem aos Exús e Pombas-Gira.
A questão seria:
E os Exús e Pombas-Gira executam este trabalho com sangue???
A resposta é um grande SIM!!! Eles executam.
Notem que a expressão usada é "executam". Os Exús e Pombas-Giras são os executores da Lei e, como tal, executam o que lhe pedem, muitas vezes estando certos ou errados.
Exú não decide... Exú executa!!!
Daí, tem-se dois caminhos:
O Certo: nunca estarão, pois se na Umbanda não se usa sangue, não há porque executar trabalhos baseando-se no uso do sangue. Desta forma, estas entidades que aceitam o sangue para seus trabalhos não deveriam estar trabalhando na linha de Umbanda. Vale aqui um alerta para os médiuns que têm usado sangue em seus trabalhos de Umbanda! Certamente quem está errado neste caso é o médium e não a entidade. Forçando uma entidade a usar sangue em seus trabalhos estaremos forçando esta entidade à sua regressão.
O Errado: todos!!! É fato que na Umbanda não se usa sangue. Infelizmente é normal ver que alguns médiuns, mostrando total incapacidade e falta de conhecimento, tomam para si a "pseudo-capacidade" e principalmente gostam de mostrar que podem mais do que realmente podem e conhecem mais do que realmente conhecem, induzindo seu Exú ou Pomba-Gira a aceitar e trabalhar com o sangue. O que vai acontecer? Simples. O Exú ou Pomba-Gira será "rebaixado" e certamente será punido pelo que foi executado, pois se já lhe foi dada a permissão de trabalhar na linha de Umbanda, teria que saber que não deveria trabalhar com sangue. O médium certamente pagará muito caro. Deverá desta forma conhecer muito mais sobre a linha de trabalho da Umbanda, e quem cuidará disto? Certamente o Exú ou Pomba-Gira em questão, pois como são os executores da Lei eles mesmos terão de tratar da devida punição ao seu médium de trabalho.
Notem que o Exú é o executor e, como tal, também fará seu médium conhecer o erro que cometeu, e o fará pagar pelo que fez. Pagando aqui mesmo é que se chegará mais próximo ao conhecimento e ao perdão.
Infelizmente vê-se em diversas casas os médiuns "forçando" seus Exús a trabalharem com sangue. Isto certamente fará com que o Exú regrida e deixará seu progresso mais difícil e com um caminho mais longo. Da mesma forma para o médium.
Fazendo com que seu Exú trabalhe com sangue, você médium, estará atrasando o seu desenvolvimento e também o desenvolvimento de seu Exú, então será responsável pelo "atraso" dos dois. Pense nisso antes de manipular energias diversas como a do sangue.
Certa vez acompanhei uma questão abordada com um grande amigo Exú Serpente a respeito de corte na Umbanda, se isto é válido ou não. Como este Exú não tem "papas na língua" foi logo dizendo:
— "Filhos, quem precisa de sangue ou é vampiro ou é sangue-suga, então que tipo de espíritos vocês pretendem alimentar com sangue? Que tipo de espíritos exigem sangue? Coisa boa não há de ser. Espíritos realmente evoluídos não atentam contra a vida, a criação divina. Estes espíritos que estimulam o uso de sangue em trabalhos espirituais são, na verdade, espíritos vampirescos que induzem as pessoas a cometerem este absurdo de maneira muito inteligente."
— "Considerem ainda que não podemos atentar contra a vida do que quer que seja para tentar ajudar o próximo. Atentar contra a vida é atentar contra as leis divinas. Como poderia o Pai permitir que uma vida fosse tirada pelas nossas mãos para que outra fosse salva? Como poderia o Pai permitir que se lhe fosse destruída a vida que Ele construiu? Não estaríamos infringindo a própria lei de Deus? Quem somos nós para fazermos esse tipo de justiça? Se prezamos pela vida e pela natureza como manda a Lei de Umbanda por que tentamos sempre destruí-la em benefício de terceiros (mesmo que seja o próximo)?".
— "Não se deixem levar pelo conhecimento daqueles que o escondem, pois mironga de congá é a cortina que esconde o vazio".
Vale aqui o ditado: "Quem não pode com mandinga não carrega patuá, quem não sabe quebrar demanda não adianta ter congá!"
Fonte http://www.umbandacomamor.com.br/